28 de fevereiro de 2014

Resenha do Filme: Diaz - Não Limpe Esse Sangue

Por Raimundo Neto

21 de Julho de 2001. Quem lembra o que aconteceu nessa data? Eu, por exemplo, tinha 10 anos na época, só queria saber de brincar. Mal sabia eu, que enquanto brincava, do outro lado do mundo acontecia essa barbaria, atrocidade, crueza, truculência, brutalidade, estupidez.

Em julho de 2001, ocorreu reuniões do G8 em Génova, na Itália. Durante toda essa temporada do G8 lá, houve inúmeros protestos, um desses protestos ocasionou a morte de um jovem. É com essa base que Lucas, um repórter de um jornal de Bolonha decide viajar para Génova, onde o impensável vai acontecer. Na escola de Diaz encontra-se o "quartel general" do Fórum Social de Génova, que coordenava muitos dos protestos, mas servia também de base para jornalistas e alguns protestantes que não tinha onde passar a noite. Às 22 horas do dia 21 a polícia inicia uma verdadeira invasão ao local, estimando-se que mais de 200 polícias tiveram envolvidos nos eventos. A partir daqui assistimos a um verdadeiro atentado aos direitos humanos, onde a polícia invade o espaço onde se encontram 93 pessoas e sem nenhuma regra, espanca a tudo e a todos, idosos, mulheres, jovens, e jornalistas incluídos.

O diretor conta esta história sob diversos pontos de vista, mas não de uma maneira focada inteiramente na visão de algumas personagens, mas visitando os bastidores e as hierarquias: quer da preparação para os protestos, quer da preparação para a ação dos policiais. Com isto o cineasta consegue uma obra incrivelmente tensa e mostra uma verdadeira descarga de ódio. Violência, tortura, brutalidade e truculência dos policiais, tudo é mostrado.

A Anistia Internacional referiu-se a esta ação como "a mais grave suspensão dos direitos democráticos num país ocidental desde a Segunda Guerra Mundial", e os tribunais, mais tarde, viriam a confirmar que houve um excessivo uso da força e que se recorreu à tortura e à falsificação de provas. Eu chorei. Mas desta vez chorei de raiva e ódio que dar vendo o filme. Aquele tipo de filme que se enquadra nos 'obrigatórios' para todos. FILMAÇO. Digo e repito, FILMAÇO.

Diaz, foi o vencedor do Prêmio do Público na seção Panorama do Festival de Berlim de 2012. No Festival de Bari, na Itália, o filme foi ovacionado por 10 minutos. Forte, inquietante, poderoso. Ele desperta nosso senso de justiça e compaixão. E nossa luta contra a impunidade.

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