28 de fevereiro de 2014

Filmes para se ver no Carnaval

A equipe do Movie Club Patoense produziu uma pequena lista com filmes para serem assistidos durante o carnaval, para que todos os leitores do blog se divirtam também com a sétima arte durante o feriado.

Pequena Miss Sunshine
Indicado por Claudiano Brito

Nenhuma família é verdadeiramente normal, mas a família Hoover extrapola. O pai desenvolveu um método de auto-ajuda que é um fracasso, o filho mais velho fez voto de silêncio, o cunhado é um professor suicida e o avô foi expulso de uma casa de repouso por usar heroína. Nada funciona para o clã, até que a filha caçula, a desajeitada Olive (Abigail Breslin), é convidada para participar de um concurso de beleza para meninas pré-adolescentes. Durante três dias eles deixam todas as suas diferenças de lado e se unem para atravessar o país numa kombi amarela enferrujada.


Os Famosos e os Duendes da Morte
Indicado por Eripetson Lucena

Um garoto de 16 anos, fã de Bob Dylan, tem acesso ao restante do mundo apenas por meio da internet, enquanto vê os dias passarem em uma pequena cidade rural de colonização alemã, no sul do Brasil. Até que uma figura misteriosa o faz mergulhar em lembranças e num mundo além da realidade.


Grand Central
Indicado por Odair Almeida

Gary é um jovem que aprende rápido, sempre mudando de um trabalho para outro. Após ser contratado em uma usina nuclear, ele encontra tudo o que sempre procurou: dinheiro, uma equipe e uma família. No meio dos reatores, ele se apaixona pela mulher de um colega, e logo é ameaçado por esse amor proibido e pela constante contaminação radioativa.


Incêndios
Indicado por Raimundo Neto

Canadá. Jeanne (Mélissa Désormeaux-Poulin) e Simon (Marwan Maxim) são irmãos gêmeos e acabaram de perder a mãe, Nawal Marwan (Lubna Azabal). Eles vão ao escritório do notário Jean Lebel (Rémy Girard) para saber do testamento deixado por ela. No documento, Nawal pede que seja enterrada sem caixão, nua e de costas, sem que haja qualquer lápide em seu túmulo. Ela deixa também dois envelopes, um a ser entregue ao pai dos gêmeos e outro para o irmão deles. Apenas após a entrega de ambos é que Jeanne e Simon receberão um envelope endereçado a eles e será possível colocar uma lápide. Só que Jeanne e Simon nada sabem sobre a existência de um irmão e acreditavam que seu pai estava morto. É o início de uma jornada em busca do passado da mãe, que os leva até a Palestina.


A Garota Ideal
Indicado por Romério Moreira

Lars Lindstrom (Ryan Gosling) é um homem tímido e introvertido, que vive na garagem de seu irmão mais velho, Gus (Paul Schneider), e sua cunhada Karin (Emily Mortimer). Lars apenas acompanha o desenrolar de sua vida, sem se mexer para algo. Até que um dia ele encontra Bianca, uma missionária religiosa, através da internet. O problema é que para as pessoas Bianca não é alguém real, mas a réplica de uma mulher, feita de silicone. Só que Lars acredita piamente que ela é um ser humano, o que faz com que se torne seu apoio emocional. Preocupados, Gus e Karin decidem procurar o conselho de uma psicóloga, que recomenda que concordem com Lars enquanto ele lida com seus problemas pessoais.

"Trapaça" e "Gravidade" lideram lista de indicados ao Oscar

Por AFP

A odisseia espacial "Gravidade", do mexicano Alfonso Cuarón, e o thriller "Trapaça" dominam a corrida do Oscar, com dez indicações cada.

Em seguida, está o drama "12 anos de Escravidão", com nove indicações.

Com seis indicações cada um, entre elas a de melhor filme, estão "Capitão Phillips", "Clube de Compras Dallas" e "Nebraska".

Os filmes "Ela", "O Lobo de Wall Street" e "Philomena" completam a lista das produções que concorrem à principal categoria do Oscar.

Com três indicações, "Blue Jasmine" concorre às categorias de melhor atriz e melhor atriz coadjuvante, com Cate Blanchett e Sally Hawkins, e de melhor roteiro, para Woody Allen.

Além de estar na disputa nas categorias de melhor filme e melhor direção, "Trapaça" teve todo o seu elenco principal indicado: Christian Bale e Amy Adams, como melhores ator e atriz, e Bradley Cooper e Jennifer Lawrence, como melhores ator e atriz coadjuvantes.

"12 anos de Escravidão" também está bem na corrida, pois, além de melhor filme e melhor direção, teve reconhecidos seus principais atores: Chiwetel Ejifor, como ator principal, e Lupita Nyongo e Michael Fassbender, como coadjuvantes.

A atriz Meryl Streep novamente fez história ao ser indicada pela 18ª vez ao prêmio. Ela concorre ao de melhor atriz por sua atuação no filme "Álbum de Família". Julia Roberts disputa a estatueta de atriz coadjuvante pelo mesmo filme.

A cerimônia de entrega da 86ª edição do Oscar acontece neste domingo, dia 02 de março.

Wagner Moura será Pablo Escobar em série de José Padilha para a Netflix

José Padilha fará sua estreia no universo das séries em uma parceria com a Netflix. A série, contará com 13 episódios e vai girar em torno do traficante Pablo Escobar.

Wagner Moura fará o papel de Pablo Escobar. "O Netflix quer e acha genial ele ser o Pablo Escobar. E eu acho que o Wagner vai arrebentar como Escobar. É um ator do nível dos melhores do mundo", afirmou o diretor ao jornal Folha de São Paulo.

José Padilha ainda falou um pouco sobre o projeto: "A série vai permitir que a gente fale sobre a natureza da política antidrogas. (...) É uma história colombiana, mas também americana porque Pablo Escobar virou quem é por causa da demanda dos EUA."

A série ainda não possui previsão de lançamento.

Resenha do Filme: Diaz - Não Limpe Esse Sangue

Por Raimundo Neto

21 de Julho de 2001. Quem lembra o que aconteceu nessa data? Eu, por exemplo, tinha 10 anos na época, só queria saber de brincar. Mal sabia eu, que enquanto brincava, do outro lado do mundo acontecia essa barbaria, atrocidade, crueza, truculência, brutalidade, estupidez.

Em julho de 2001, ocorreu reuniões do G8 em Génova, na Itália. Durante toda essa temporada do G8 lá, houve inúmeros protestos, um desses protestos ocasionou a morte de um jovem. É com essa base que Lucas, um repórter de um jornal de Bolonha decide viajar para Génova, onde o impensável vai acontecer. Na escola de Diaz encontra-se o "quartel general" do Fórum Social de Génova, que coordenava muitos dos protestos, mas servia também de base para jornalistas e alguns protestantes que não tinha onde passar a noite. Às 22 horas do dia 21 a polícia inicia uma verdadeira invasão ao local, estimando-se que mais de 200 polícias tiveram envolvidos nos eventos. A partir daqui assistimos a um verdadeiro atentado aos direitos humanos, onde a polícia invade o espaço onde se encontram 93 pessoas e sem nenhuma regra, espanca a tudo e a todos, idosos, mulheres, jovens, e jornalistas incluídos.

O diretor conta esta história sob diversos pontos de vista, mas não de uma maneira focada inteiramente na visão de algumas personagens, mas visitando os bastidores e as hierarquias: quer da preparação para os protestos, quer da preparação para a ação dos policiais. Com isto o cineasta consegue uma obra incrivelmente tensa e mostra uma verdadeira descarga de ódio. Violência, tortura, brutalidade e truculência dos policiais, tudo é mostrado.

A Anistia Internacional referiu-se a esta ação como "a mais grave suspensão dos direitos democráticos num país ocidental desde a Segunda Guerra Mundial", e os tribunais, mais tarde, viriam a confirmar que houve um excessivo uso da força e que se recorreu à tortura e à falsificação de provas. Eu chorei. Mas desta vez chorei de raiva e ódio que dar vendo o filme. Aquele tipo de filme que se enquadra nos 'obrigatórios' para todos. FILMAÇO. Digo e repito, FILMAÇO.

Diaz, foi o vencedor do Prêmio do Público na seção Panorama do Festival de Berlim de 2012. No Festival de Bari, na Itália, o filme foi ovacionado por 10 minutos. Forte, inquietante, poderoso. Ele desperta nosso senso de justiça e compaixão. E nossa luta contra a impunidade.

27 de fevereiro de 2014

Resenha do Filme: 12 Anos de Escravidão

Por Eripetson Lucena

É particularmente vergonhoso o fato de que nenhum diretor americano, classe não raro perdida em meio a devaneios megalomaníacos e ufanistas, nunca tenha se incomodado em contar a história de Solomon Northup. Imagino que o apelo humanitário de uma história tão poderosa, tenha afetado um diretor inglês não apenas pelo fato dele ser negro, mas pela estupefação de imaginar um mundo (não só os Estados Unidos da América) sem um filme como “12 Years a Slave”. Pois creiam, o tema da escravidão acaba de ser redefinido na história do cinema. Faz as investidas anteriores parecerem trabalho de amadores, sem muito alcance ou verossimilhança.

O nível de dramaturgia alcançado pelo filme de McQueen é extraordinário. E o tratamento dado por ele às fortíssimas sequencias de castigo é incrivelmente digno, uma vez que suavizar temas como escravidão seria incorrer em indecência e desonestidade. O que se coloca como convenção no imaginário popular, fomentado pelos livros de história ou pelas ingênuas versões cinematográficas da escravidão na América, é contestado enquanto representação por sequencias como a que a escrava Patsey, personagem de Lupita Nyong’o é barbaramente punida. Difícil de ver e de esquecer.

O que falta a maioria dos cineastas que resolvem tratar temas polêmicos é o que sobra em McQueen: senso, tato e perícia. “Hunger” e “Shame” que o digam. Parte dessa espertice é destilada nos longos planos sequencias onde os closes e a câmera fixa nos personagens por longos minutos (vide especialmente “Hunger”) acabam se tornando recurso narrativo dos mais eficientes; em “Hunger” e em “12 Years a Slave” é como se o olho mecânico fosse a própria morte a espreita, humilhando com o olhar insistente, esperando o personagem morrer de fome ou de tortura. No caso de “12 Years…” a dor retratada pela câmera de McQueen, encrudescida pelo olhar de silencioso desespero de Chiwetel Ejiofor não parece dar trégua. Há um enquadramento em particular, onde Eijofor está em primeiro plano, em pungente estupefação e chega a olhar para a câmera, fazendo um movimento com a cabeça. Remete ao que fez Paul Thomas Anderson, na última sequencia de “Magnólia” onde a personagem de Melora Walters faz o mesmo movimento (a diferença é que, se não me engano, o plano é americano), mas sorri quando olha para a câmera. Para um filme que versa sobre sucessivas tragédias de cunho pessoal, “Magnólia” acaba, com aquele sorriso de sua personagem mais emblemática, da forma mais otimista possível.

McQueen enrijece seu Solomon na dor mais primordial, exatamente nesta sequencia, quando ele contempla você e eu e se coloca como peça da inexorável escravidão. O elenco é competentíssimo. Michael Fassbender, antigo colaborador de McQueen, laureado pelo que conseguiu alcançar no estupendo “Shame”, parece encarar um papel maior que ele mesmo. Talvez o mais desafiador de todo o filme, dado a fácil armadilha do maniqueismo. Nyong’o e Eijofor desequilibram a tríade formada com Fassbender (e ainda a sutileza da crueldade da esposa criada por Sarah Paulson, que se coloca como uma sombra velada em contrapartida à malevolência gráfica de Fassbender) com dor e sofrimento extremos. Os três serão facilmente indicados ao Oscar. Nada mais justo em um filme de grandes interpretações.

Enfim, para além do aparato técnica (a fotografia é extraordinária, belíssima), “12 Years a Slave” é um triunfo pelo seu valor quase educativo, didático, como é importante o relato biográfico de Solomon Northup, no qual o filme é baseado. Ergue-se portentoso como uma extraordinária “testemunha” numa era onde o racismo ainda operacionaliza parte das querelas relacionais de nosso tempo. Um filme colossal.

Oscar 2014 só será exibido pela TNT

A TNT será a única emissora do Brasil que exibirá o Oscar 2014 ao vivo no próximo domingo, 2 de março, a partir das 20h30. A Globo, que detém os direitos de transmissão na TV aberta (e não os cede pra ninguém), decidiu que não vai transmitir o evento, porque cai em um domingo de carnaval e a emissora preferiu transmitir os desfiles das escolas de samba, exibindo um compacto dos melhores momentos na segunda à tarde.

Ellen DeGeneres será a mestre de cerimônias. Os comentários na transmissão da TNT serão de Rubens Ewald Filho, mas haverá a opção de SAP.

26 de fevereiro de 2014

Resenha do Filme: Ela

Por Eripetson Lucena

Coube a Spike Jonze entregar o que talvez se convencione chamar de o drama romântico da pós-modernidade. O cineasta sempre revestiu suas obras de um frescor absolutamente necessário ao fim de século e inicio de era, labor essencial que torna cinema uma arte relevante e isso o credencia a elaborar uma obra como “Her” sem causar maiores sobressaltos ou arroubos aos espectadores menos desavisados.

Mas, o seu novo rebento esta imbuído de uma contemporaneidade lívida, que não se alardeia pelo fato de contar a historieta de amor entre um humano e um sistema operacional, mas elabora este absurdo com uma verossimilhança espantosa e um senso de normalidade ultrajante. Sim, parece que, na imaginação e na escrita de Jonze, guardadas as devidas proporções de disparidades das mídias utilizadas, o realismo fantástico de Garcia Marques, que imaginou sua Macondo de tipos humanos e assunções aos céus encontra-se ao torpor visionário de Asimov. Claro que estou a disparatar nas comparações, mas não há como ver “Her” incólume e não tratar seu criador com superlativos.

O que é o Theodore de Phoenix senão o amalgama dos tipos pós modernos, encerrados numa solidão ancestral que somente se pulveriza diante do apelo das tecnologias, cada vez mais presentes em nossas vidas, invasivas, humanizadas, ladras convictas de nosso tempo, atenção e, por que não, segundo a tese de Jonze, do nosso amor? Pois que o absurdo da premissa de um homem tendo um relacionamento amoroso com um sistema operacional se dilui convincentemente diante dos serenos recursos narrativos que conferem esta leveza e ao mesmo tempo densidade as várias etapas do enlace de Theodore e Samantha, de forma que se torna corriqueiro esquecer quem não está dotado de corpo, sangue e órgãos na relação.

Parece que este é o (óbvio) objetivo do roteiro: humanizar a máquina. Mas será que é (só) isso? Será que o nível espetacular de entrega de Joaquin Phoenix na concepção do seu atormentado e solitário Theodore não nos informa para além do disparate de um amor por algo não humano? E o mesmo se aplica a uma performance das mais extraordinárias de uma voz, sem o apelo das fisicalidades, fazendo da atuação de Scarlet Johansson uma espécie de obelisco a ser referenciada.

A uma certa altura do romance, o Theodore de Phoenix, esmagado pela consciência do improvável relacionamento, pergunta estupefato a sua amiga vivida pela espetacular Amy Adams se nunca será capaz de viver um romance real?. Sem se sobressaltar em nenhum momento sequer ao saber do destinatário dos sentimentos do amigo, ela responde: E isto não é um romance real? Quando se coloca com esta naturalidade e distanciamento diante do absurdo em questão, a personagem atesta a teoria do texto milimétrico de Jonze de que, amor é amor, e o que operacionaliza o processo não é necessariamente o “receptáculo” mas o afeto investido. Agora ou no futuro, com máquinas hiperinteligentes ou não, a humanidade sempre vai esbarar na dor do amor (e da solidão).

“Her” acresce uma dose cavalar de afetividade ao universo fabulista de Spike Jonze, não poucas vezes afeito aos caos. Mas cá também estão presentes elementos primordiais de sua impressionante filmografia, que permitem identifica-lo como a mente inventiva que nos deu “Being John Malkovich”, mas o ex-diretor de clipes musicais nunca esteve tão introspectivo e humano, tecendo tão belamente sobre as relações trans-humanas.

Matthew McConaughey será o protagonista do próximo filme de Gus Van Sant

Matthew McConaughey (Clube de Compras Dallas) vai ser o protagonista do drama Sea of Trees, próximo filme do cineasta Gus Van Sant (Milk).

Escrito por Chris Sparling, o filme conta a história de um americano (McConaughey) e um japonês (Ken Watanabe), que se encontram numa famosa floresta japonesa onde as pessoas vão para cometer suicídio. Mas em vez de se matarem, os dois embarcam juntos numa jornada reflexiva através da floresta.

O próximo lançamento de Matthew McConaughey no Brasil é o drama Clube de Compras Dallas, ele poderá ser visto também na sci-fi Interstellar, dirigida por Christopher Nolan, com estreia em 7 de novembro.

25 de fevereiro de 2014

Emma Watson estrelará o novo suspense de Alejandro Amenábar

Emma Watson (The Bling Ring) vai estrelar junto com Ethan Hawke (Antes da Meia-Noite) seu primeiro suspense, chamado Regression, escrito e dirigido pelo espanhol Alejandro Amenábar (Os Outros).

Os detalhes da trama não estão muito claros, embora alguns sites tenham publicado que o filme vai acompanhar um pai que se vê no meio de uma conspiração, acusado de abusar sexualmente sua filha.

Watson declarou que é fã dos filmes de Amenábar e que será ótimo colaborar com ele. “Estou realmente animada pelo desafio que minha personagem apresenta para mim como atriz e mal posso esperar para começar a trabalhar”, comentou.

Regression tem estreia prevista para 28 de agosto de 2015 nos EUA.

Grace of Monaco Será o Filme de Abertura do Festival de Cannes 2014

Já é oficial, Grace of Monaco será o filme de abertura da 67ª edição do Festival de Cannes. A grande estreia será no dia 14 de Maio.

Dirigido por Oliver Dahan, o filme narra um período da vida de Grace Kelly (Nicole Kidman), atriz de Hollywood tornada Princesa Grace de Mônaco após se casar com o Príncipe Rainier III em 1956, aproveitando para explorar a dicotomia atriz/princesa, numa altura em que Kelly estava ainda com algumas dificuldades em preencher o seu novo papel: por um lado, continuavam a chover convites de Hollywood (Hitchcock queria-a para Marnie!), por outro Mônaco encontrava-se numa situação política complexa com a França, que ameaçava taxar o estado e até anexá-lo.

Resenha do Filme: Azul é a Cor Mais Quente

Por Eripetson Lucena

Por diversas vezes, enquanto via “Azul é a Cor mais Quente”, filme de Abdellatif Kechiche ganhador da ultima Palm D”Or em Cannes, remeti a obra-prima de Jane Campion, “O Piano”, um dos melhores filmes que já vi na vida. A razão foi a força da evocação tsunamica do poder do amor que havia me nocauteado no filme neozelandês e que ressurge com o seu poder atômico no filme do Tunisiano. Estes são préstimos do cinema: referenciar de forma tão contundente que o que é mostrado na tela torna-se um espelho mais ou menos fidedigno das experiências humanas as mais variadas.

No caso de “Azul...”, a relevância do que a câmera testemunha sobre o amor ganha ares de uma contemporaneidade quase que singular, visto que poucas vezes, foi testemunhada tanta sinceridade, honestidade e contundência aliados a um valor artístico extraordinário agregados na discussão do amor homossexual, um tema que tem mobilizado as mentes pensantes da sétima arte, mas que tem rendido esforços as vezes sofríveis. O nível de problematização em “Azul...” é de uma lucidez estarrecedora. Os dilemas são retratados de forma respeitosa e absolutamente relevante, seja em âmbito particular, social e familiar.

O roteiro toca sensivelmente em todas essas frentes, o que chega a ser muitas vezes absurdo pra um filme só (mesmo um filme de 170 minutos de duração), mas a direção segurissíma, acetadissíma, sutilíssima, sensibilíssima dá conta de amarrar todos os nós, de elaborar todas as metáforas necessárias, de desfilar todas as elegantes elipses de tempo que contam suavemente a passagem dolorosa dos meses (cortes e cores de cabelo, falas soltas, sentenças deliberadas, tudo isso é usado belissimamente como relógio por Kechiche), de elaborar ate mesmo uma linearidade (que me incomoda em diversos outros filmes) eficiente, que não compromete a narrativa.

O legal é realmente, depois da sessão, compreender que o impacto fulminante de um filme como este não reside em absoluto nas alardeadas cenas de sexo entre as jovens protagonistas, famosas não só pelo desempenho espetacular das duas, mas pela personalidade Kubrikiana de Kechiche, que sai desta experiência laureado com a Palma mas com fama de tirano e opressor, isso dito a exaustão pelas próprias beldades Adèle Exarchopoulos e Lea Seydoux (conta-se que a famosa e gigantesca cena de sexo tomou 10 exaustivos dias das filmagens. Exarchopoulos disse em entrevista que não suportava mais fazer sexo pra cena). O que conta no fim das contas é a rigidez que livra a narrativa de ares irrealisticos de amor romantizado ou melodramatizados.

As duas personagens seguem um vetor cadencial que diz da evolução pessoal (especialmente de Àdele, que me parece o fio condutor da narrativa) e do relacionamento amoroso. As aguas nunca são abrandadas, já que desde o inicio encontramos uma Àdele envolta na tentativa de suavizar conflitos interiores ferozes envolvendo a sua sexualidade e as questões clássicas de (auto)aceitação e colocação, problemáticas presentes até mesmo em sociedades como a Francesa, cujo bastianato de causas contemporâneas ruiu um pouco com os recentes manifestos de milhões que saem as ruas de Paris manifestando-se contra o casamento gay. A mim, o filme nada tem de panfletário. Muito pelo contrário: a sua relevância e universalidade reside na forma como trata o amor real, num mundo diverso, mas avesso, cheio de possibilidades, mas castrante.

Os elementos que operacionalizam a dinâmica do relacionamento de Emma e Àdelle podem ser, com algumas pouquíssimas e contemporâneas exceções, aplicados às relações heterossexuais, o que torna a temática explorada contundente, mas não desnecessária. Uma obra especialíssima sobre amor, desilusão e desencontros. Ou seja, não é somente sobre um casal gay, é sobre a vida no século XXI.

Jane Campion preside o júri do Festival de Cannes 2014

A diretora neozelandesa Jane Campion será a presidente do Júri da 67ª edição do Festival de Cinema de Cannes.

A única mulher da história do festival a vencer uma Palma de Ouro com O Piano em 1993 (o que também garantiu-lhe a nomeação ao Oscar de Melhor Diretor no ano seguinte), já havia presidido o júri da Competição de Curtas do festival no ano passado. “Estamos profundamente orgulhosos que a Jane Campion tenha aceitado o nosso convite. Ela é uma daquelas realizadores que interiorizou perfeitamente a ideia de que podemos fazer filmes como um autor e ainda assim atrair o público em geral”, afirmou Thierry Fremaux, o diretor do Festival de Cannes.

Com isto, Campion sucede a nomes como Robert De Niro, Nanni Moretti, Tim Burton e Steven Spielberg no referido cargo. O Festival de Cannes 2014 decorrerá entre 14 a 25 de maio.

24 de fevereiro de 2014

Dicas da Semana: Philomena; Grand Central

Toda semana a equipe do Movie Club Patoense escolhe dois filmes para serem assistidos, analisados e debatidos em suas reuniões presenciais. Por conta disso, postaremos toda semana os filmes escolhidos pela equipe como "Dicas da Semana", para que todos os leitores do blog fiquem por dentro das mais variadas opções cinematográficas de todo o mundo.

Philomena

PHILOMENA (REINO UNIDO, ESTADOS UNIDOS, 2013) Direção: Stephen Frears - IMDb: 7.8 (4 Indicações ao Oscar: Melhor Filme, Melhor Atriz, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Trilha Sonora)

Irlanda, 1952. Philomena Lee (Judi Dench) é uma jovem que tem um filho recém-nascido quando é mandada para um convento. Sem poder levar a criança, ela o dá para adoção. A criança é adotada por um casal americano e some no mundo. Após sair do convento, Philomena começa uma busca pelo seu filho, junto com a ajuda de Martin Sixsmith (Steve Coogan), um jornalista de temperamento forte. Ao viajar para os Estados Unidos, eles descobrem informações incríveis sobre a vida do filho de Philomena e criam um intenso laço de afetividade entre os dois.

Grand Central

GRAND CENTRAL (FRANÇA, 2013) Direção: Rebecca Zlotowski - IMDb: 6.5 (Apresentado na mostra 'Um Certo Olhar' do Festival de Cannes 2013)

Gary é um jovem que aprende rápido, sempre mudando de um trabalho para outro. Após ser contratado em uma usina nuclear, ele encontra tudo o que sempre procurou: dinheiro, uma equipe e uma família. No meio dos reatores, ele se apaixona pela mulher de um colega, e logo é ameaçado por esse amor proibido e pela constante contaminação radioativa.

Resenha do Filme: RoboCop

Por Claudiano Brito

Em um futuro não muito distante, no ano de 2028, drones não tripulados e robôs são usados para garantir a segurança mundo afora, mas o combate ao crime nos Estados Unidos não pode ser realizado por eles e a empresa OmniCorp, criadora das máquinas, quer reverter esse cenário. Uma das razões para a proibição seria uma lei apoiada pela maioria dos americanos. Querendo conquistar a população, o dono da companhia Raymond Sellars (Michael Keaton) decide criar um robô que tenha consciência humana e a oportunidade aparece quando o policial Alex Murphy (Joel Kinnaman) sofre um atentado, deixando-o entre a vida e a morte.

Além das ótimas cenas de adrenalina, a nova versão de ROBOCOP do diretor brasileiro José Padilha, proporciona algumas reflexões sobre temas controversos como, ética na ciência; o poder da propaganda e da mídia como um todo, usada pra formatar a opinião e o desejo de consumo das pessoas e a ganância sem fim dos grandes corporativistas; corrupção nas instituições públicas e no governo e, claro, o debate sobre o livre arbítrio do ser humano e suas emoções em meio aos circuitos programados de uma máquina.

José Padilha fez um excelente filme. Os profissionais do cinema brasileiro tem muito talento e qualidade, só faltam terem os recursos disponíveis. Com 120 milhões de dólares dá pra fazer um belo estrago, né?! (risos). José Padilha arrebentou!!! Recomendo! O filme continua em cartaz no Cine Guedes Patos-pb. Bom filme!

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Por Alex Medeiros

Ao escrever qualquer linha sobre o novo Robocop devemos nos precaver aos comparativos com a nova obra de José Padilha e o filme de Paul Verhoeven da década de oitenta. Hollywood usufrui hoje de determinados poderes que em muitas vezes não observam questões pertinentes ao roteiro, a própria simbologia do filme ou até do desfecho. Uma pomposa bilheteria é o viés que dita a produção de uma película em terras ianques em detrimento ao que produtores e direção poderiam realmente criar diante de um farto roteiro ou de um remake consagrado de anos atrás. 

Diante da nova “cara” de Robocop retratada por Padilha e diante do que muito se falou sobre as amarras que o estúdio havia imposto ao seu diretor, percebemos que o resultado final convence e diverte. Para um diretor que almeja voos além da linha do equador a proposta deixada na tela é um forte retrato do que poderia ter sido feito a mais com os recursos que se tinha nas mãos. 

No filme temos o policial Alex Murphy (Joel Kinnaman) que investiga um caso que pode prender pessoas influentes, sofre um atentado e, entre a vida e a morte, a sua esposa Clara Murphy (Abbie Cornish) autoriza o projeto que dará vida a Robocop através da Omnicorp, indústria que já utiliza mundialmente seus robôs policiais, principalmente em países onde os EUA tem influência ou já invadiram. Coordenado pelo Dr. Norton (Gary Oldman, sempre competente) o “nascimento” do policial, meio homem e meio máquina, é concretizada (sempre achei que o termo “ciborgue” seria mais viável para esse personagem) e os elementos que compõem a trama vão se expandindo. Vale ressaltar a belíssima caracterização de Robocop.

A contemporaneidade, que obviamente havia de existir e ,em conjunto com a tecnologia dos efeitos especiais de nosso tempo, nos proporciona um bom cenário de cenas de ação. Se o cultuado Robocop de 1987 exibia cenas fortes e muitas vezes incômodas diante de inúmeros tiroteios, o seu remake expõe até uma certa brandura nessa característica, inclusive utilizando um Dispositivo de Choque Elétrico (a conhecida TASER) nas maioria das vezes em vez de usar armas letais. Numa América recheada de armas e de casos crescentes de atentados a civis pela própria população mensagens como essa podem deixar um dilema na mente de seus espectadores. 

A fotografia de Lula Carvalho (vide Tropa de Elie) é competente. O encaixe das câmeras não nos deixa passar despercebidos diante de cenas tremidas ou rápidas e ,onde era necessário um melhor ângulo ou um enquadramento mais adequado na cena, a câmera não se perdia. O primeiro encontro pós Robocop do pai e esposo Alex Murphy com sua família é um bom exemplo. Além de não cair no melodrama a cena é curta e expõe através de enquadramentos uma tristeza familiar que para o espectador já bastaria. Muito se falou da parca utilização da personagem Clara, vivida pela bela Abbie Cornish, mas creio que sua utilização além do que lhe foi proposto só poderia ter acontecido juntamente com a melosidade de uma personagem que perdeu o esposo, o pai de seu filho, a base familiar... e que detonaria um sentimentalismo exarcebado e em desconexão com a propositura do filme.

Os personagens de Robocop são bem convincentes. Ter um Samuel L.Jackson e um renascido Michael Keaton como um jornalista patriota e um empresário visionário maluco respectivamente, nos dão a dimensão de o quão divertido esse filme seria. Gary Oldman continua sendo o camaleão do cinema mundial, com seu vasto repertório de personagens, sejam mocinhos ou vilões, e suas atuações espetaculares. Além disso, o desconhecido Joel Kinnaman dá vida magistralmente a Robocop, com sua face seca e onde resplandece a cara da sociedade almejada no futuro, numa cidade rodeada de crimes. 

Se há meios-termos para o novo Robocop eu prefiro ficar com o comedimento de achar que o filme cumpre o seu papel, sem olhar para 1987. A crueza do filme anterior se dissipa nesse trabalho de José Padilha, talvez imposta para que crianças de 14 anos pudessem ir ao cinema ou então por mera imposição do estúdio responsável. A iminente tragédia que um remake de um filme cultuado poderia trazer, principalmente diante da propaganda americana sobre seu poderio midiático, bélico e tecnológico, não aconteceu. O filme não causa impacto, porém possui créditos de sobra.

A Série Heroes Voltará em 2015

O canal NBC anunciou a produção de uma minissérie de Heroes, quatro anos depois do seu cancelamento, chamada de Heroes: Reborn. A história deverá introduzir um novo grupo de pessoas com superpoderes, sendo que alguns atores originais podem ter participações especiais.

A estreia de Heroes em 2006 tornou-se uma das maiores audiências do canal NBC (13,86 milhões na primeira temporada), mas acabou perdendo audiência, culminando com a média de 6,54 milhões na sua última temporada, sendo assim cancelada.

Heroes: Reborn deverá contar com treze episódios e tem estreia prevista para 2015.

Resenha do Filme: Philomena

Por Eripetson Lucena

“Philomena”, novo trabalho do diretor inglês Stephen Frears é um filme bipartido que transita entre o apelo dramático de uma mãe em busca do seu filho e a denuncia dos abusos da Igreja católica irlandesa, protagonista de histórias funestas que, de tão cruéis soam inverossímeis. Peter Mullan já gritou do alto do seu polemico “The Magdalene Sisters”, Leão de Ouro em Veneza em 2002, as malevolências praticadas em nome de Deus que encontram ecos mais assépticos (mas não menos humanos) no filme de Frears, cujas concepções quase sempre foram muito engajadas com o cenário Britânico, desde questões tipicamente nacionais como em “The Queen”, a última vez que ele concorreu a um Oscar de melhor filme à sensíveis retratos do homossexualismo na ilha, vide “Minha Adorável Lavanderia”, acredito que a única vez que o cinema viu um Daniel Day-Lewis gay ( e convincentíssimo!). 

Um projeto desta natureza pode render filmes pavorosos. Explica-se: primeiro: a armadilha de enviesar a história no redemoinho volátil da moralidade, com mensagens dúbias de ideários cristãos que ninguém aguenta mais defender em filmes sérios; segundo: os clichês de um conto de sofrimento materno em busca de um filho perdido, que está exaurido nos filmes e que parecia sepultado pela horrível incursão de Clint Eastwood no tema em “A Troca”; terceiro: atuações caricatas que destroem roteiros bons ou muito boas que conseguem suavizar até dramalhão de TV Mexicana. 

Dizer que a atuação de Judi Dench é acertada é pleonasmo. Mas é inevitável não ressaltar momentos gloriosos do roteiro ganhando uma força primordial nas nuances da sua interpretação. Há embates delicadíssimos entre as “personas” de Philomena e do jornalista Martin, onde a simplicidade da primeira redunda quase sempre em um destilar de uma sabedoria que acaba por paralisar o personagem de Steve Coogar. E a sutileza desses momentos só são percebidas em sua riqueza e totalidade por causa da extraordinária atuação de Mrs. Dench, espinha dorsal da película. 

Há um debate em especial onde uma Philomena mobilizada pelo destino do filho nos Estados Unidos, deixa-se enredar pelas possibilidades que podem tê-lo acometido. Dentre elaborações funestas como ele ter sucumbido na guerra do Vietnan, ou virado um mendigo, ela particularmente se apavora com as chances do mesmo ser hoje um obeso dado as enormes poções servidas naqueles pais. Uma escrita tão sutil como esta encontra fotogenia vital no close do rosto sobressaltado de Judi Dench. Extraordinária. 

Outros momentos surpreendentes dão conta dos dilemas decorrentes da dor deliberada de ter cometido um “pecado” ao engravidar do namoradinho (razão pela qual isenta as malévolas freiras da culpa de haver sido separada do seu filho) em contradição ao sentimento admitido de ter gostado do ato sexual; ou mesmo da aceitação resignada da homossexualidade do filho. Benesses do roteiro, desaguando numa interpretação poderosa. Apesar da Philomena de Dench ser o fio condutor da narrativa, é o personagem de Coogar que parece ser mais afetado e perfazer mais notadamente esta trajetória da transformação. 

Este aspecto se personifica especialmente na indisposição pétrea de Martin de coadunar com a fé contida de Philomena, não redundando, no entanto na polarização maniqueísta ou mesmo na moralidade prosélita. Ele compreende que há virtudes no perdão, mesmo sem se converter à misericórdia e que há razões em se calar diante da injustiça, mesmo que ele se indigne ao extremo. Frears entrega uma direção linear, porém eficiente, principalmente com o uso eficaz do flashback, que acaba servindo bem a trama. No final, fica a nítida impressão de que alguns temas recorrentes podem ser atualizados com certo frescor em filmes como estes, que parecem não ter sido feitos pra denunciar e nem pra emocionar. Mas faz os dois com maestria.

23 de fevereiro de 2014

"Uma Aventura Lego" arrecada US$ 31,5 mi em bilheterias dos EUA e do Canadá

FONTE: Reuters

"Uma Aventura Lego", animação que retrata um mundo baseado nos coloridos blocos de brinquedo, arrecadou 31,5 milhões de dólares nas bilheterias dos Estados Unidos e do Canadá, para liderar o ranking pela terceira semana seguida.

O novo thriller de espionagem de Kevin Costner, "3 Days to Kill", ficou numa distante segunda posição depois de arrecadar 12,3 milhões de dólares de sexta-feira a domingo, de acordo com estimativas de estúdios

O filme baseado na era romana e de grande orçamento "Pompeia" gerou vendas de ingresso de 10 milhões de dólares em sua primeira semana nos cinemas e ficou na terceira posição.

Resenha do Filme: Love

Por Raimundo Neto

Love é a estreia do jovem cineasta William Eubank, que atuou como desenhista de produção em comerciais de marcas como Honda e Adidas, nos filmes As Loucuras de Dick e Jane e Superman o Retorno, trabalhou como diretor de fotografia em diversos outros filmes e o seu último trabalho foi como diretor de segunda unidade do filme Broken City. Em Love ele faz praticamente tudo, é o diretor, roteirista e diretor de fotografia.

Love é um filme de ficção científica que conta a história do astronauta Lee Miller, muito bem interpretado pelo Gunner Wright, que depois de perder contato com a terra, fica sozinho em órbita a bordo da estação espacial internacional. Com o passar do tempo e completamente sozinho, Miller luta para manter a sanidade mental e sua vida. No seu dia a dia claustrofóbico e solitário, ele acaba fazendo uma estranha descoberta dentro da nave. 

Não é fácil fazer um filme de ficção científica com pouco dinheiro, mas com muito empenho, força de vontade e um bom roteiro, tudo é possível. O diretor utilizou o quintal de seus pais ao longo de nove meses para montar tudo de uma estação espacial e para recriar cenas da Guerra Civil que vemos no decorrer do filme. Até luzes de natal e caixas de pizza foram usadas.

O início do filme é impressionante e surpreende pela qualidade, um conjunto de imagens e diálogos filosóficos que invade a tela, durante aproximadamente 7 minutos. Nos preparando para entrar em um dos meus temas favoritos que o filme retrata: o isolamento. Apresentando aquelas situações que causam solidão através do desespero, o tédio e delírio. É impossível não relacionar esse tema com outros filmes, como Lunar (Duncan Jones, 2009), ou Solaris (Tarkovsky, 1972) e, claro, a obra superior, divisor de águas na ficção científica, 2001: Uma Odisséia no Espaço do mestre Kubrick, onde Eubank realiza homenagens escancaradas a todo tempo.

Love é construído de forma enigmática, o que pode desagradar a muitos e o roteiro não consegue fugir dos clichês habituais que esse tema sempre traz, confunde o expectador quase todo momento, e ficamos sem saber se aquilo é real ou se não passa de uma complexa experiência, mas acredito que seja uma boa “brincadeira” aplicada pelo diretor para instigar nossos pensamentos.

Love consegue ter um estilo próprio e é brilhante, principalmente sua fotografia. As imagens são de tirar o fôlego, e há uma sequência em câmara lenta que é excepcional. William Eubank tem um grande talento e o dom de prender a atenção dos expectadores, consegue um final de filme satisfatório e forte, desviando o olhar dos problemas de lógica deixados pelo roteiro.

Embalado pela poderosa música do Angels & Airwaves, o filme explora a necessidade fundamental humana por conexão e o ilimitado poder da esperança. Se você gosta de ficção científica, Love é uma experiência interessante. Bonito, impactante, poético e evocativo. É um filme que mostra a audácia, a criatividade e o poder do cinema independente americano.

Resenha do Filme: A Praça

Por Eripetson Lucena

O historiador francês Marc Ferro, descrevendo as múltiplas frentes de interferência entre história e cinema coloca que os dirigentes de certa sociedade, compreendendo a função social da feitura dos filmes, tentam se apropriar desta arte para intervir na história. Em maior ou menor grau, isso sempre se verificou. As representações que a sétima arte tenta dar conta (desde que foi devidamente reconhecida enquanto tal) operam, na maioria das vezes de forma muito eficaz como instrumento de doutrinação. A tomada de consciência decorrente deste processo implica na destruição do mito da arte isenta (pois elas estão sempre sujeitas a um agendamento e não é diferente com o cinema) assim como na tentativa de apropriação dos filmes por parte das instituições consagradas.

Neste sentido, com o advento das novas e acessíveis tecnologias e com a possibilidade de se fazer filmes até mesmo através de um telefone celular, o cinema torna-se uma arma poderosa na manutenção do status-quo ou na quebra de paradigmas. O que Ferro chamou de “militante-cameraman” hoje é atualizado como “militante-usuário de um smartphone”. 

Impossível não ecoar as palavras de Ferro quando se assistia “A Praça”, explosivo documentário da Netflix, um dos finalistas na categoria de documentário no Oscar deste ano. Uma candidatura, por assim dizer, cheia de simbolismos, não somente pela atestação das teses do historiador citado, mas pelo poder de alcance extraordinário da TV, que parece se introduzir sorrateiramente no universo hermético do Oscar (uma das únicas instancias que premia filmes a não reconhecer o poder de fogo da Televisão hoje em dia). 

À máxima, “a revolução não será televisionada” acrescenta-se “...mas será vista no youtube” aplica-se ao documentário em questão. Aqui se tem a nítida impressão (e vertigem) de ser colocado através do registro de câmeras de celulares para o olho do furacão, em tempo, a Praça Tahrir, na cidade do Cairo, capital egípcia, o equivalente moderno da “Praça da Paz Celestial” na ruidosa Pequim do final dos anos 80. O povo, munido de seus gadgets, tomou o lugar em 2011, e praticamente não mais o deixou até 2013, não apenas derrubando o Presidente da época Hosni Mubarak, mas estendendo os tentáculos de suas conquistas homéricas até os anos seguintes, quando também derrubaram uma junta militar e depuseram outro Presidente. Isso, é claro, a custo de muita opressão e sangue. 

O tratamento que uma obra de ficção receberia, caso uma história poderosa como esta fosse adaptada, não diria nem infimamente das doses cavalares de realismo que este documentário carrega. A montagem sensibilíssima (e difícil, pois haveria de se construir uma linha narrativa consistente a partir de centenas de horas de gravações de celulares durante mais de 3 anos) observa a lição dourada apreendida pelos bons roteiros de cunho politico (mesmo que na ficção): humanizar as figuras. Os bons thrillers políticos fazem isso, por que sinceramente, ir ao cinema pra ser doutrinado ou ouvir discurso politico é chato e irrelevante. Daí, o doc se fragmenta em diversos núcleos de personagens, acompanhando eficientemente suas trajetórias, seja de um jovem militante idealista a um membro da radical Irmandade Muçulmana, cujo oportunismo é deflagrado em cheio pelo filme. 

O impressionante em um filme como este é a lucidez em transformar o grafismo das imagens em elementos elucidatórios da Revolução Egípcia. O diretor Jehane Noujaim, justificado pela crueza da realidade que pretende mostrar sem maquiagem, não torna os testemunhos visuais, embora que muito chocantes, em um desnecessário festival de atrocidades. Se ele lança alguma lantejoula no “modus operandi” dos manifestantes, é porque o poder que demanda do povo, é uma onda incontrolável que se avoluma em consonância com aos níveis de opressão sofrida naquele país. Neste aspecto, o documentário não é inocente, assim como nenhum filme o é, mas não pode ser acusado de leviandade ou incongruência ante as vozes que deseja amplificar.

Ao final da sessão, o espectador atento se dará conta que o último intuito de Noujaim é chocar. Ele deseja lançar luz e, claro, disso decorre posicionamentos ideológicos também. Mas não sem produzir antes conflitos e desconfortos. Este não é um dos papeis do bom cinema? Pois como (todo) produto cultural, “A Praça” se posiciona com eficácia, mas não abre mão do seu valor artístico em detrimento da panfletagem. Um belo filme.

22 de fevereiro de 2014

Primeira imagem de Everest foi divulgada

Foi divulgada a primeira imagem de Everest, o próximo filme de Baltasar Kormákur, que tem como base fatos verídicos de duas expedições ao mais alto ponto terrestre abaladas por uma inesperada tempestade de neve.

Everest tem estreia agendada para 27 de Fevereiro de 2015 nos EUA e conta com um elenco composto por Josh Brolin, Jake Gyllenhaal, Jason Clark, O Grande Gatsby), John Hawkes, Clive Standen e Vanessa Kirby.

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