31 de março de 2014

Kevin Spacey será Winston Churchill no cinema

Kevin Spacey vai interpretar o papel do ex primeiro ministro britânico Winston Churchill no filme Captain Of The Gate.

No projeto da Sierra/Affinity, que conta com um orçamento na casa dos 20 milhões de dólares, seguimos a ascensão ao poder do político conservador que esteve no poder de 1940 a 1945 e de 1951 a 1955 e na forma como ele centrou a sua ação na oposição ao Terceiro Reich durante a Segunda Guerra Mundial. Orador e estadista notável, Churchill foi também oficial do Exército Britânico, historiador e escritor, tendo vencido o Nobel da Literatura em 1953.

Ben Caplan, que já assinou uma biografia televisiva sobre o ex-presidente americano Ronald Reagan, é o responsável pelo roteiro.

28 de março de 2014

Veja o novo trailer de O Destino de Jupiter, o mais recente filme dos Irmãos Wachowski

Foi divulgado um novo trailer de O Destino de Júpiter (Jupiter Ascending), um filme de Andy Wachowski e Lana Wachowski na volta da dupla à ficção científica pura, depois da trilogia Matrix.

Jupiter Jones (Mila Kunis) nasceu de noite, com sinais que previam um destino de grande sucesso. Já adulta, Jupiter sonha com as estrelas mas é confrontada com a dura realidade de trabalhar nas limpezas e com um número infindável de azares. É só quando Caine (Channing Tatum), um ex-militar geneticamente modificado chega à Terra para a encontrar, que Jupiter começa a vislumbrar o destino que tanto desejava. O seu DNA dá-lhe o direito a uma extraordinária herança, que poderá alterar o equilíbrio do universo.

O Destino de Jupiter chega aos cinemas em julho de 2014.

25 de março de 2014

Confira o novo trailer de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido

Foi divulgado um novo trailer de X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido sequência que unirá a trilogia original de X- Men e do Primeira Classe.

Em X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, Wolverine viaja no tempo para alertar os X-Men dos anos 70 da crescente ameaça que são as Trask Industries, que irão no futuro criar os Sentinelas, robôs gigantes que vão velar pela segurança da população mas que eventualmente irão conduzir à extinção da humanidade.

X-Men: Dias de um Futuro Esquecido chega aos cinemas em maio de 2014.

Pablo Larraín pode ser o diretor da nova versão de Scarface

A Universal Pictures prepara uma nova versão cinematográfica de Scarface (baseado num homônimo livro de Armitage Trail), a terceira desde o filme de Howard Hanks em 1932 e a celebre variação dirigida por Brian DePalma (com roteiro de Oliver Stone) de 1983, que contava com Al Pacino no popular e infame papel de Tony Montana.

A ideia de um terceiro filme não é nova, mas o projeto parece finalmente ter andando, após o anúncio de que o eventual diretor encontra-se em negociações. Para esse cargo a Universal Pictures escolheu o chileno Pablo Larraín, o autor do aclamado "No", que nos remete a uma abordagem objetiva às primeiras eleições livres do Chile e à queda do regime de Pinochet.

Voltando a Scarface, ainda não se sabe ao certo qual será o apelido e nacionalidade deste novo Tony, visto que o de 1932 era um italiano em Chicago e o de 1983 um cubano em Miami. Porém, existem rumores de que ele será um mexicano em ascensão no mundo do crime de Los Angeles.

18 de março de 2014

O Lobo Atrás da Porta vence Festival de Cinema de Miami

O Lobo Atrás da Porta, que já tinha triunfado na seção horizontes latinos do Festival de San Sebastián e no Festival do Rio, foi o grande vencedor do Festival de Cinema de Miami, que ocorreu nos EUA.

O filme é inspirado em um caso real passado nos anos 60 com apelidado de Fera da Penha. Nele, o cineasta Fernando Coimbra, que também conquistou o prêmio de Melhor Diretor, afastou-se dos fatos reais, criando assim novas personagens capazes de dar um sentido mais universal à obra, na qual seguimos um casal que tem de lidar com o desaparecimento da sua filha.

Produtor quer Naomi Watts no remake de Os Pássaros

Brad Fuller, produtor do remake de Os Pássaros, deseja Naomi Watts para protagonizar a nova versão do clássico de Hitchcock, mas ele apenas teve conversas com a australiana do ponto de vista conceitual, pois nenhum ator iria aceitar o papel sem que exista um roteiro e sem saber quem será o diretor.

The Hollywood Reporter, dava conta que o holandês Diederik Van Rooijen era o escolhido pela Platinum Dunes de Michael Bay para a realização desta obra que se baseia originalmente num livro de Daphne du Maurier.

Recordamos que a Platinum Dunes é uma das produtoras responsáveis pela nova vaga de remakes e reboots dos diversos clássicos do cinema de terror, tendo iniciado 2003 com O Massacre da Serra Elétrica, de Marcus Nispel, percorrendo outros ícones do gênero como Sexta-Feira 13, novamente dirigido por Nispel (2009), e A Hora do Pesadelo, de Samuel Bayer (2010).

17 de março de 2014

Dicas da Semana: Inside Llewyn Davis; Moebius

INSIDE LLEWYN DAVIS - BALADA DE UM HOMEM COMUM (ESTADOS UNIDOS, 2013) Direção: Joel e Ethan Coen - IMDb: 7.8 (2 Indicações ao Oscar)

Llewyn Davis (Oscar Isaac) é um cantor e compositor que sonha em viver da sua música. Com o violão nas costas, ele migra de um lugar para o outro na Nova York dos anos 60, sempre vivendo de favor na casa de amigos e outros artistas. Talentoso, mas sem se preocupar muito com o futuro, ele incomoda a amiga Jean Berkey (Carey Mulligan), que vive uma relação com outro músico, Jim (Justin Timberlake). Nem um pouco confiável, Davis se depara com a oportunidade de viajar na companhia de um consagrado e desagradável artista, Roland (John Goodman), mas nem tudo vai acabar bem nesta nova jornada.


MOEBIUS (CORÉIA DO SUL, 2013) Direção: Kim Ki Duk - IMDb: 6.6

Uma família inicia um ciclo destrutivo quando começa a questionar seus desejos sexuais, nutrindo relações nocivas para todos, levando-os à um destino trágico. Um dos trabalhos mais controversos do diretor Kim Ki-Duk.

16 de março de 2014

Resenha do Filme: O Som ao Redor

Por Eripetson Lucena

Há uma sequencia emblemática de “Magnólia”, filme de Paul Thomas Anderson quando o diretor americano concede uma das duas pausas esdrúxulas na narrativa do filme para mostrar uma improvável e descabida chuva de sapos. O choque causado pela bizarrice dá lugar a compreensão que o recurso extraordinário cabe perfeitamente dentro da exposição do cotidiano, o(a)bjeto-mor do qual se ocupa o filme inteiro. Mais que qualquer outra, a fala do garoto prodígio que é obrigado a participar de um programa de perguntas e respostas sintetiza as quase três horas de esplendida projeção do filme de Anderson.

O garoto-gênio, capaz de responder a todas as perguntas sem pestanejar, mas que sucumbe diante de uma necessidade fisiológica, contempla os enormes anfíbios caírem do céu enquanto ler calmamente o seu livro e diz: é, isso acontece. E volta a compenetração de sua leitura sem deixar que o acontecimento fantástico altere sua rotina. Ele parece ser o único personagem que se dá conta de que o cotidiano, esse artifício infernal e diabólico, é muito mais desnorteante, escandaloso, demonizante que o sobrenatural.

Assim como “Magnólia”, o filme de estreia do pernambucano Kleber Mendonça Filho, critico de cinema e diretor de alguns ótimos curtas (como “Recife Frio” e “Vinil Verde”) apropria-se do mesmo estilo de narrativa para, utilizando um cenário tipicamente brasileiro, versar sobre a construção do cotidiano na vida urbana da classe média brasileira. Aqui, um condomínio no bairro do Sétubal, na capital pernambucana serve de microcosmo para o destilar das teses do diretor de que os processos rotineiros, cotidianos dispõem de elementos atravessadores e entrecortantes que trazem a reboque e constroem o perfil desse homem da pós modernidade.

Aqui, tudo é sempre interrompido, algo está sempre a acontecer, algo pequeno, insignificante, mas extremamente simbólico da condição a qual nos submetemos como moradores das grandes cidades brasileiras. A empregada que chega e quase apanha o casal pelado dormindo no sofá, o carrinho de som no meio da rua que interrompe a conversa do condômino e dos lavadores de carros, a visita que chega e atrapalha a conversa de pai e filho, o celular que toca na reunião do condomínio. Pequenos distúrbios que sinalizam para a nossa desordem cotidiana, o caos sutil que se instaura sorrateiro em nossos processozinhos de vida-sendo-vivida.

Mendonça escolhe catalisar esses pequenos desarranjos através de um elemento que tem um papel neurotizante no absurdo da rotina moderna: o som. É através do barulho, do ruído, do latido do cão, do ronco da máquina de lavar ou do aspirador de pó, do tune irritante dos aparelhos celulares, das TVS de plasma com som stereo. O barulho enleva os sentimentos de confusão, estresse ou desorientação, assim como também encobre aqueles (in)desejados como os gemidos de prazer por causa de masturbação ou a degustação de um cigarro de maconha.

A conexão com um passado não muito distante acontece no inicio da projeção quando fotos do que parece ser uma comunidade rural, provavelmente da zona da Mata Pernambucana, área historicamente marcada pela presença de plantações de cana, engenhos e muito trabalho escravo é intrinsecamente interligada pelo corte abrupto que conduz ao estacionamento de um condomínio do Recife e a câmera acompanha uma garota nos patins e um garoto em sua bicicleta. A duas sequencias aparentemente díspares marcam a introdução a primeira das três partes da película chamada de “Cães de Guarda”. Daí, a câmera começa a testemunhar os pequenos disparates do cotidiano dos condôminos que, ao longo da extensão do filme, vai moldando-os e tornando-os mais escuros, complexos e revelando muito de suas verdadeiras motivações.

Estas elaborações nunca, com exceção do final do filme, irão perpassar por reviravoltas na trama ou elementos necessariamente extraordinários. Aqui nunca há pausas para uma sequencia videoclip ou uma chuva de sapos, como em “Magnólia”. E a lentidão na narrativa é deliberada pois ela serve exatamente para demonstrar a força e o poder nuclear dos desdobramentos do cotidiano. O diretor esconde essas camadas por trás de um suposto arrastar da narrativa, um passeio pelo aparentemente desinteressante dia-dia de pessoas como eu e você. E é nesse aspecto que, em minha opinião, reside a genialidade do filme do filme: modernizar uma discussão antiga sobre a evolução das cidades, a qualidade de vida de pessoas que se espremem em condomínios com regras de segurança cada vez mais rígidas.

Isso é demonstrado pontualmente como na sequencia da reunião do condomínio: a ineficiência do recepcionista noturno é demonstrada por um vídeo feito por uma criança através da câmera de um aparelho celular. Diante da evidência inconteste, os condôminos decidem demiti-lo, mesmo sob os protestos de um único morador que acha tudo aquilo “escroto”, descartar alguém que prestou serviços a vida inteira por causa de um telefone celular nas mãos de uma criança.

A atitude do condomínio, personagem essencial na condução do fio narrativo, é um amalgama da tese de Mendonça: a paranoia dessa era tecnológica, informatizada, altamente imagética e visual, é fruto dos moldes perversos que a máquina tem irresistivelmente operado nas cabeças das pessoas. Vivemos numa ditadura do virtual, da imagem, do olho que não vê, que não testemunha para liberar, para ofertar outros horizonte, mas para servir a desígnios muitas vezes niilistas desta geração que se faz conter nas vias do virtual. Sutilezas essas tornam o “O Som ao Redor” um filme riquíssimo, detentor de uma capacidade atômica em denunciar as facetas de nossa organicidade, nossas aglomerações, nossos tratados implícitos de vivências.

É bem verdade que tudo está devidamente soterrado debaixo de camadas e camadas de supostos amontoados de sequencias supostamente frívolas e cansativas. É bem capaz que, alguns caiam na gestão enganosa de classificar o filme como maçante e perca a oportunidade de escavar as imagens em busca das mensagens que Mendonça Filho está disposto a comunicar. Os títulos das três partes fazem referência aos serviços de segurança de bairro oferecido por Clodoaldo, personagem vivido pelo ótimo Irandhir Santos de “Febre do Rato” o único personagem da trama que parece ter um agendamento, fato revelado somente na última sequencia e sinalizado simbolicamente na lírica sequencia do banho de cachoeira na fazenda do velho Francisco, personagem de W. J. Solha, um velho proprietário de fazenda e um bairro inteiro no Recife, onde se passa a ação do filme, perfeita emulação dos senhores de engenhos do Pernambuco colonial.

É quase uma pena ter que admitir que “O Som ao Redor” é um filme pra poucos. Isso por que, apesar de muitas das suas figuras serem perfeitamente digeríveis as plateias brasileiras, nem todos estão dispostos a ir ao cinema ou sentar no sofá e ser uma arqueólogo das imagens. Este tipo de filme é feito pra isso. Para o bem ou para o mal.

14 de março de 2014

Veja as primeiras imagens de Marion Cotillard no novo filme dos irmãos Dardenne

Foram divulgadas as primeiras imagens de Deux jours, une nuit (Dois dias, uma noite), um drama assinado por Jean-Pierre e Luc Dardenne que coloca Marion Cotillard (Ferrugem e Osso) no papel de uma mulher que tem de convencer os colegas a abdicarem do bônus anual da empresa onde trabalham para que possa continuar empregada.

Fabrizio Rongione, que trabalhou com os Dardenne em Rosetta, irá desempenhar o papel de marido de Cotillard, numa produção que conta ainda no elenco com os belgas Olivier Gourmet, Christelle Cornil eCatherine Salée.

Deux jours, une nuit (Dois dias, uma noite) tem a sua estreia no Festival de Cannes desse ano.



12 de março de 2014

Resenha do Filme: Entre o Amor e a Paixão

Por Eripetson Lucena

Lembro bem o quanto, há anos, um filme canadense tornou-se um dos meus favoritos. Achei que passei um ano inteiro retornando a esta obra, fisgado e magnetizado pelo conjunto maravilhoso que ela representa. Ainda hoje, procuro obsessivamente resquícios de “O Doce Amanhã” na obra posterior do egípcio radicado no Canadá Atom Egoyan. Absolutamente sem sucesso. Um dos elementos estarrecedores naquele filme extraordinário era a atuação contida mas maravilhosa de uma jovem atriz chamada Sarah Poley. Ela contribui admiravelmente para adensar ainda mais o caldo já viscoso do filme de Egoyan, entregando uma humanidade amedrontada, consciente, verdadeira.

Tudo o que eu falei a respeito da atuação de Poley em “O Doce Amanhã” pode se aplicar tranquilamente a sua obra enquanto diretora. “Longe Dela” é um acontecimento cinematográfico dono de uma maturidade e sobriedade difícil de ver em obras de diretores mais experimentados. Ela, aí, já mostra perfeitamente a que veio, trabalhando um tema dificílimo como velhice e Alzheimer, de forma a não caricaturar ou melodramatizar o resultado. Filmaço. “Take this Waltz” traz mais uma vez Mrs. Poley destilando suas teses sobre a humanidade, desta feita, versando sobre vida a dois, sentimentos enrustidos, (in)sensibilidade, vidas destruídas pelas sutilezas das palavras, ações ínfimas, um negocio trucidante e maligno chamado cotidiano.

A maravilhosa Michelle Williams, numa atuação luminosa, contida, vital para o que a diretora pudesse alcançar um nível de dramaturgia absolutamente necessário para expressar a dor do seu texto (sim, Poley também escreveu a história) te conduz ao universo de uma dona de casa que se vê polarizada entre um casamento morno, mas que ela levaria adiante, me parece pelo resto da vida e o despertar de sentimentos contraditórios por um vizinho que acaba por representar, simbolicamente, em seu universo feminino, tão sutilmente danificado pela frieza também sutil do marido, uma figura dos encantamentos, das mistificações. Ela se divide, pois não se mostra quase nunca disposta a transformar em real o que parece tão agigantado em sua subjetivação.

O texto de Sarh Poley é de uma sinceridade gritante, estraçalhadora, humilhante. Revela, numa espontaneidade aterradora, o que a gente só diz dentro de casa, com as luzes apagadas. Ela grita na varanda! Ou seja, não é um texto fácil, que necessita de certa maestria para ser colocado dentro da linguagem cinematográfica de forma a comunicar suas sutilezas. Algumas sequências são de uma beleza inacreditáveis: quando os dois nadam na piscina a noite, palavras ali não são apenas desnecessárias, seriam excessos que estragariam a sequência. É dilacerante. É notável inclusive, como um visual de tanta cor, casinhas legais, uma vizinhança perfeitinha de subúrbio, consiga comunicar algo doloroso, conflitante. A maestria da diretora conduz esta estética para além das obviedades de filmes do gênero, mostrando inclusive, no meu entender, que a vida não precisa ser cinematográfica, perfeita, enquadrada nos padrões para ser vida. Na maioria dos casos, está fora dos enquadramentos, não obstante o universo exterior que se apresenta é o que garante as idiossincrasias que fazem a vida valer a pena ser vivida.

O talento de Williams é suficiente até pra salvar projetos medíocres, como foi o caso de “My week with Marilyn”. Aqui ele é um valor agregado a um conjunto bem resolvido, amarrado pelo senso de dor presente nas obras de Sarah Poley, mas de uma intensa beleza estética também, o que reafirma o talento e a sensibilidade da diretora canadense. Depois de ver “Take this Waltz” (simplesmente me recuso a mencionar o medonho, ridículo, condescendente e imbecil título em português) continuo fã do cinema de Sarah Poley, mais fã ainda de Michelle Williams e achando que o mundo é mal, mas que é bom estar por aqui de vez em quando.

Confira Emma Watson apresentando o novo trailer de Noé

Foi divulgado um novo trailer de Noé, de Darren Aronofsky, apresentado pela atriz Emma Watson que interpreta a personagem Ila no filme.

Noé contará a história de um homem escolhido por Deus para uma grande missão antes de uma enchente apocalíptica destruir o mundo. Dirigido por Darren Aronofsky (Cisne Negro), o filme traz no elenco Russell Crowe, Jennifer Connelly, Ray Winstone, Logan Lerman, Anthony Hopkins, Douglas Booth e Emma Watson.

O longa estreia no Brasil em 3 de abril.

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11 de março de 2014

Noé, de Darren Aronofsky, será proibido em países árabes

Noé de Darren Aronofsky ainda nem estreou e já faz polêmica. A Paramount Pictures queria concretizar um filme que pudesse agradar a todos, visto se tratar de uma história bíblica de uma figura que se encontra presente em três grandes e relevantes religiões. Contudo a versão de Aronofsky não parece cumprir os requisitos dos produtores, sendo e segundo o próprio diretor se tratar de uma obra de liberdades artísticas acentuadas que o faz diferenciar das fidelidades bíblicas. Sendo que vários órgãos cristãos nos EUA protestam contra a sua estreia, obrigando o estúdio de forma a reduzir a crescente contestação e colocar no início da filme a seguinte mensagem:

"Este filme é baseado na história de Noé. Que apesar das liberdades artísticas que foram tomadas, acreditamos que continua fiel à sua essência, valores e integridade da história que constitui a base da fé de milhões de pessoas em todo o mundo. A história bíblica de Noé pode ser encontrada no livro Gênesis."

Agora, de acordo com a publicação do The Hollywood Reporter, o filme será banido no Bahrein, Qatar e Emirados Árabes. As autoridades desses países proibiram a exibição da obra por esta violar a lei Islâmica, ou seja, a representação humana de personagens bíblicas como o profeta Maomé ou outro mensageiro de Alá. A Paramount Pictures acredita que a Jordânia, Egito e Kuwait tomaram a mesma decisão.

Assista ao trailer de Tom à la Ferme, o novo filme de Xavier Dolan

Foi divulgado um novo trailer de Tom à la Ferme, um filme de Xavier Dolan (Laurence Anyways, Amores Imaginários e Eu Matei Minha Mãe) que se baseia numa peça de teatro assinada por Michel Marc Bouchard.

Na obra seguimos a história de Tom (Dolan), um homem cujo amante, Guillaume, acabou de falecer. Quando conhece a família do companheiro, ele descobre que este nunca falou dele, nem a família desconfia da sua orientação sexual. As coisas complicam-se quando o irmão de Guillaume, Francis (Pierre-Yves Cardinal), um exemplo clássico do machismo rural, o ameaça e persegue.

Tom à la Ferme passou pelo Festival de Veneza onde conquistou o prêmio FIPRESCI.

10 de março de 2014

Resenha do Filme: Amor Pleno

Por Eripetson Lucena

Em certos momentos dos seus filmes mais recentes, Terrence Malick sequestra seus protagonistas e subvertendo a ordem já totalmente alteradas de suas narrativas, planta-os em lugares aquém-além, sejam eles ermos, pastagens, plantações, marés, desertos, locações aparentemente estranhas ao fluir da história que não poucas vezes reforçam o torpor e a desorientação causados nos espectadores menos habituados a seu modus operandi.

Estas abduções mostram-se mais frequentes desde “Além da Linha Vermelha” e servem, dentre outras coisas para colocar a natureza como elemento primordial de todas as suas narrativas e alimentar, através do imagético, a tese que estamos, em maior ou menos grau, todos perdidos neste mundo. O recrudescimento do elemento natural em seus filmes estabelece uma relação explicita da imensidão da criação com os dramas humanos retratados, colocando estes últimos, apesar do seu apelo estarrecedor, em ampla desvantagem à primeira, conectando a nossa condição humana a uma engrenagem irresistível que responde por dois caminhos revelados no inicio de seu portentoso “Árvore da Vida”: o da natureza e o da graça.

A forma como responderíamos a um dos dois apelos ou mesmo aos dois condensa as teses elaboradas pelo cineasta em filmes. Em “Além da Linha Vida”, em meio aos caos moral que se abate aos soldados durante a batalha pelo controle da Ilha de Gualdacanal, no pacifico na Segunda Grande Guerra, a fala de um dos soldados parece sumarizar o pensamento do cineasta: ‘Que guerra é esta no seio da natureza?”. O deslumbre e a iluminação do aspecto natural mobiliza mais que as baionetas, metralhadoras e granadas.

Os elementos característicos estão todos aqui em “To the Wonde”, o novo filme do cultuadíssimo diretor americano: o voice-over, a abordagem filosófica das agruras da humanidade, a câmera que flagra momentos estonteantes na natureza, mas que também se movimenta em frenesi em busca dos rompantes de seus personagens, a explosão da música erudita que carrega o espectador pelos devaneios/divagações existenciais das tramas. 

“To the Wonder” é basicamente sobre ausências: aquelas que são às vezes mais fortes que presenças e que conduzem toda a experiência humana. As historias de três pessoas tem entroncamentos suficientemente poderosos para que o diretor/roteirista verse sobre a natureza do amor e a ausência de fé/Deus. Ben Affleck vive um engenheiro que se apaixona por uma europeia na França e faze-a imigrar com a filha de 10 anos para os Estados Unidos. Javier Bardem está na pele de um padre angustiado, esmagado pela dúvida de Deus e que busca desesperadamente pacificar sua consciência através do trabalho comunitário. O padre Quintana é um amalgama dos personagens de Malick: ele mais se assemelha a um zumbi que vaga errante nas ruas da pequena comunidade e sabe que, a não ser que volte seus olhos a beleza escondida que há no universo, a não ser que ele perceba o sutil preâmbulo de todas as coisas e que mesmo os bons sofrem na vida exatamente por serem bons, ele não encontrará o alívio da alma.

E isso muitas vezes implica em dar um salto de fé estrondoso, o salto no escuro de Kierkergaard, fonte dos dilemas do personagens de Affleck, imerso também em um mar de dúvidas a respeito do seu futuro com a parceira. O que se esconde por trás desses momentos de desespero é o que Malick se esforça por explicitar em seus filmes/teses: que o belo, o sentido está oculto aos olhos de quem somente segue o fluxo do mundo e se encanta com o aparente transe que a vida oferece a quem se faz apenas desatento transeunte. Há muito mais e a natureza está gritando aos zumbis da existência. Fascinante e subversivo.

O fato de o filme iniciar e terminar na Abadia de Mont-Saint-Michel diz dos dilemas de fé envolvendo o trio central. Mesmo que não seja fé religiosa, mas é fé para alavancar o escuro da vida e seus enfrentamentos. Também figurativas e cheias de significado, as sequencias do casal em Paris, cheias de luz, alegria em contraste com aquelas cheias de tensão nos Estados Unidos, onde o personagem de Affleck também tem que lidar com a contaminação do solo provocada por uma companhia em sua comunidade. O solo americano contaminado.

Ben Affleck entrega uma interpretação sensibilíssima, conferindo o mutismo e a frieza de seu personagem (ele praticamente não tem falas no filme e tem que apoiar sua performance em expressões e linguagem corporal) de forma surpreendemente convincente.

Mais uma vez ouviremos a velha ladainha de que Malick é vago, visual demais e que tem a pretensão de apoiar sua obras em abstrações filosóficas que mais acabam por prejudica-las. Sempre ví sua obra tentando me livrar desse ranço da critica. Para além dos temas e do estilo, “To The Wonder” pode ser circunscrito como um párea perfeito do anterior “Arvore da Vida” e até mesmo de ‘Além da Linha Vermelha”. Eles estão para o que está além da imagem e a característica do evocativo, tão incomum no cinismo e nas estilizações do cinema contemporâneo, é colocada como atividade primordial para se assimilar uma obra assim. E este tipo de filme, só Terrence Malick consegue fazer.

9 de março de 2014

Resenha do Filme: Pai e Filho

Por Eripetson Lucena

Tudo e nada é o que parece ser. Sorukov enevoa seus micros e macrocosmos de forma a chocar os incautos e convidar os iniciados e adentrar e ver além da superfície, exatamente como nos filmes do mestre Bergman, cineasta que, a tirar pelas estéticas e temáticas cultivadas, Sorukov parece ser devedor. Paulo Leminski disse certa feita que o que está na superfície, no entanto, é o mais profundo.

A sequencia de abertura de “Pai e Filho” talvez seja enganadora por se deter no close humilhante de uma boa aberta em êxtase orgástico. Não digo que o diretor usou do mecanismo para deliberadamente enganar o expectador, mas a essência da relação do título pode estar ali, ou pode não estar ou pode estar parcialmente ali, sendo esmiuçada em apenas uma das suas nuances. Filmes como os de Sokurov por vezes nos tiram o chão. E não falo apenas da beleza gráfica ou do choque (que foi a via escolhida, infelizmente, para tentar explicar “Pai e Filho”, acabando por desvirtuar totalmente a discussão em cima da película e a reboque, perde-se as camadas de conteúdo que o diretor destila para muito além da polêmica).

São os direcionamentos dados aos temas clássicos, que, como neste filme, são de vanguarda por que são acima de tudo iconoclastas. Não saberia dizer se esse aspecto está presente em toda a filmografia do diretor russo, mas aqui, em “Pai e Filho”, ele experimenta. Se em “Mãe e Filho” ele eleva à enésima potência a concepção de quadros em movimentos, tão oníricos que não se preocupa em absoluto com o senso de realismo não-presente no filme, aqui, em “Pai e Filho”, ele entrega-se a um experimentalimo temático, construindo um relacionamento entre pai e filho tão complexo que é impossível, em minha opinião, não recorrer a psicanálise a fim de trazer-lhe uma luz necessária às imagens de Sokurov, a custo de se correr o sério risco de cair em um reducionismo que não convém a nenhuma obra do universo Sorukoviano, quanto mais a esta.

Tudo nesta relação parece se equilibrar entre o sagrado e o desvirtuado, o efêmero e o duradouro, mas nunca entre o certo e o errado. Parece-me que os embates dos dois, pai e filho, consistem muito mais em encontrar cada um o seu caminho e isso implique um ao outro na trajetória. O pai, doente, melancólico (mas em nenhum momento vitimizado, caminho que Sokurov escolhe ao mostrar um ser atlético, ainda bem jovem, sem sinais maiores de deterioração, nem mesmo do tempo), o filho que luta pra encontrar seu caminho, mas está ainda esmagado pela consciência da influencia que exerce sobre o pai e do mesmo em seus fortuitos relacionamentos amorosos e de amizade.

Conceber um filme desta natureza é desafiador e difícil. Parece que a linguagem cinematográfica, por si só e somente ela, não é capaz de abraçar os entroncamentos que a história traz em seu escopo. Por isso, se não há disponibilidade de transcender, transgredir, lançar um olhar interdisciplinar na obra, é melhor desistir dela, pois somente os que se comprometem mais farão justiça a um filme como este, que até a superfície é difícil de digerir.

6 de março de 2014

Resenha do Filme: O Lugar Onde Tudo Termina

Por Eripetson Lucena

Reza a lenda que o primeiro filme de Derek Cianfrance “Brother Tied” nunca foi lançado comercialmente. O interesse arqueológico da cinéfila por fósseis desta natureza é incrivelmente atualizado depois de “Blue Valentine” e agora “The Place Beyond the Pines”. Cianfrance mobilizou meio mundo com o seu primeiro/segundo filme, uma história de amor adulta, sóbria, que se constrói a revelia das concessões idiossincráticas que idiotizam o gênero, notabilizada também pelas atuações monumentais de Michelle Williams e Ryan Gosling, um ator que tem corporificado os tipos mais subversivos dos últimos anos no cinema, tudo isso com um talento extraordinário.

A confirmação da maestria de Cianfrance vem em tons de trombeta que anunciam uma cavalaria: The Place Beyond the Pines, seu segundo/terceiro filme é um portentosa história tripartida, que apoiada na eficácia da narrativa, na destreza da direção e no elenco afiado, revela um diretor montando seu puro sangue pedindo passagem em meio a multidão. “The Place...” funciona como uma história não necessariamente por que lança mão da habitual linearidade, mas por conferir-lhe um tratamento diferenciado.

Aqui ele conta três histórias, cujos personagens alvejados pela cronologia, representam as disposições estanques de cada uma delas. De tanto dever ao passado, mesmo sem saber que se deve, eles passeiam pela existência, vendo a tragédia dos seus erros se atualizarem nos seus filhos. É nesse contexto que a operação extraordinária do que chamamos de destino é versada aqui sem muitos recorte, sem muitas explicações, sem arrodeios ou chaves interpretativas: dos personagens é dado meias-histórias de onde o expectador deve deduzir para complementar, se é que este exercício é salutar em um filme como este.

A primeira parte detêm-se no motoqueiro vivido por um Ryan Gosling louro, mais selvagem que nunca, solto no mundo, que, sem avisos, descobre-se atado a um universo outro, diferente do seu particular sem leis, por causa de um filho que não sabia que tinha. A presença de Gosling é tão enigmática, magnética e sobriamente construída, que pensamos a principio que o filme trata-se dele. Depois, tem-se o drama do personagem de Bradley Cooper, um policial correto e idealista, cuja tarde ensolarada em que o seu destino cruza sua viatura com a moto selvagem de Luke Glanton mudará pra sempre sua vida.

Cooper está acumulando créditos a suficiente para deixar de ser associado ao cara de “Se Beber Não Case”. Este filme pode ser o seu passaporte pra transpor essa mitificação. E por fim, em um arremate de ares fatalistas e escabrosos, nos deparamos com as agruras adolescentes dos filhos de ambos. E qualquer coisa que for dita além disso, destruirá a sofisticação com que a história é montada.

Eu, já que não aprecio nem mesmo ler sobre os filme que vejo ou ver sequer trailer, tive todas as surpresas possíveis e apreendi as benesses de um roteiro interessante que consegue elaborar com eficácia as ligações emocionais e factuais dos personagens sem fazer uso de um único recurso de flashback por exemplo. Depois desses dois petardos, eu acredito piamente em Cianfrance. Mostrou a que veio.

Briga do roteirista e diretor de 12 Anos de Escravidão vem à tona

Fonte: Pipoca Moderna

"Quem acompanhou o Oscar não pôde deixar de reparar na cara fechada do roteirista John Ridley e na forma fria como o cineasta britânico Steve McQueen comemorou a vitória do colega pelo roteiro de “12 Anos de Escravidão”. Agora que a cerimônia passou, a briga dos dois se tornou pública. Eles não estão se falando já há bastante tempo, por causa de uma disputa pelos créditos do roteiro do premiado drama escravagista. A informação é do site The Wrap.

A má vontade entre ambos começou quando McQueen, que teria feito mudanças no roteiro, requisitou ter seu nome incluído nos créditos da trama, o que causou repúdio de Ridley e foi parar nos escritórios de produção da Fox Searchlight Pictures. Nos dois longas-metragens anteriores de McQueen, “Hunger” (2008) e “Shame” (2011), o diretor recebeu créditos de co-autor do roteiro.

Desta vez, porém, o roteirista não aceitou compartilhar os créditos e ameaçou envolver o Sindicato de sua categoria. Fontes do site The Wrap afirmam que o clima entre os dois ficou tão tenso que chegou ao ponto de McQueen querer impedir que outras pessoas falassem com Ridley e ainda fazer com que o escritor fosse afastado do contato com a equipe do filme, sentando-se em mesas separadas durante as premiações.

Em certo momento, o ator e produtor Brad Pitt foi forçado a ficar no meio da briga, visando acalmar os ânimos pelo bem do filme. Afinal, caso a notícia da briga dos dois vazasse para a imprensa, isso poderia prejudicar as chances de “12 Anos de Escravidão” na temporada de premiações. Mesmo com o clima tenso, a história precisava ser mantida em sigilo até o Oscar. E seu esforço foi compensado com as vitórias na cerimônia de domingo (2/3).

Quando foi a vez de Steve McQueen subir ao palco para receber o prêmio de Melhor Filme, ele fez o mesmo e, abrindo uma lista interminável de nomes, não incluiu o roteirista em seus agradecimentos."

5 de março de 2014

Dica da Semana: O Atentado

O ATENTADO (LÍBANO, ISRAEL, 2013) Direção: Ziad Doueiri - IMDb: 7.1

-> De acordo com o NY Times a partir de junho de 2013, o filme foi proibido e recusada a sua liberação em todos os países árabes por o crime de filmar em Israel. Marrocos foi o único país árabe a apresentar o filme. Foi durante a Marrakech International Film Festival 2012, onde o filme ganhou o Grande Prêmio daquele ano.

Quando jovem, o árabe Amin Jaafari ganhou bolsa para estudar em Israel. Se tornou um médico proeminente. No momento em que é laureado pelo seu excelente trabalho, uma explosão vitima várias pessoas. As investigações apontam que a terrorista foi a esposa de Amin e então sua vida está destruída. Sem entender a dupla face de sua mulher, Amin vai à Palestina saber quem a colocou no mundo do assassínio. Desterrado nos dois lados da fronteira, ele tenta se situar nos descaminhos de uma guerra sem solução.

Resenha do Filme: Post Tenebras Lux

Por Eripetson Lucena

O cineasta Mexicano Carlos Reygadas já mostrou a que veio e o fato de realizar obras que beiram a incompreensão, utilizar recursos técnicos a serviço da estranheza e da desorientação não consegue pulverizar o vasto interesse da cinefilia, muito pelo contrário. Fato: o cineasta responde, para o bem ou para o mal, querendo ou não, achando bom ou ruim, pelo que existe de mais intrigante, evocativo, original, esquisito no cinema mundial, colocando o México neste mapeamento espontâneo da vanguarda de cinema autoral, ou seja lá como queriam nomear o que Reygadas concebe. Ao lado de nomes como David Lynch, Gaspar Noé ( argentino radicado na França) e Apichatpong Weerasethakul (o fabulista da Tailândia), Reygadas tem subvertido tanto o fluir normativo da linguagem cinematográfica, assim como a conhecemos, que sua importância (e a dos “malucos” citados acima) só será ponderada com precisão nas aulas das faculdade de cinema daqui a uns 60 anos.

"Post Tenebras Lux” já inicia com uma assombrosa sequencia que, dada sua beleza e esquisitice, parece reproduzir os ditames de um mantra criacionista, tudo professada por uma criança de pouca idade e aureado por uma geografia catastroficamente bela. Daí, salta-se sorrateiramente ao interior de uma casa. Quando abre-se uma porta, vemos um misto de demônio com fauno cintilante percorrer os cômodos carregando uma mala tão misteriosa quanto sua própria e esdruxula aparição. Em outro momento, em um corte abrupto e desconexo na narrativa, testemunhamos um jogo de rugby, cuja relação com a história do filme será para sempre um enigma a não ser que, por conta própria, metaforizemos a partida para dar sentidos outros, assim como ao fauno ou mesmo as paisagens idílicas do interior do México, lugar onde vive a família que costura a narrativa, mas que parece está ali só para não deixar o espectador ser assunto aos céus completamente.

Então, este casal rico e seus filhos, representam a cordinha sutil que Reygadas utiliza de vez em quando para puxar você de volta ao seu assento, seja de que altitude você esteja flutuando ou qual seja o nível do seu transe. A sensação de idílio inclusive é reforçada enormemente pela utilização em tempo integral de lentes que criam um foco central, formando um circulo de interesse e deixando o que esta fora do anel mas dentro do enquadramento da câmera embaçado e com imagem duplicada. Primeira vez na vida que vejo um cineasta utilizar deste recurso durante toda a extensão da película. O resultado é estranho, as vezes bizarro, mas quase sempre de uma beleza extraordinária.

Há um plano sequência, onde a família esta sentada numa praia que fez a fotografia de Barry Lindon, de Kubrick parecer Telletubies. Talvez o mais belo, artisticamente falando pedaço de fotografia feita pra um filme que meus olhos já viram. Não há como descrever tamanha beleza captada sem soar redundante. É ver pra crer. Reygadas também oferece um pouco do hard core presente em “Batalla en El Cielo” na ruidosa sequencia da sauna na França. Um verdadeiro choque, levando em conta que até a altura em que somos surpreendidos por este soco no estômago, o filme só tem mostrado sequências com paisagens oníricas e bucólicas. Este efeito devastador será provavelmente refeito na enigmática sequência final, algo de tão abruptamente surreal e cru ao mesmo tempo.

Quando sobem os créditos, você sente-se exatamente como o resultado visual do efeitos das distorções das lentes que fundem as pessoas com as pedras, as árvores, seus braços, pernas e cabeças. Você metamorfoseia-se com a obra, o que não é garantia nenhuma de pacificação com os resultados em sua mente. A luz depois das trevas do título pode vir tão luminosa que cega ao invés de alumiar. Arte boa faz isso mesmo. Reygadas parece fornecer evasivas para perguntas que não sabe quais são. E o legal é que funciona que é uma beleza. Estou absolutamente extasiado, estupefato, confuso e com um sorriso nos lábios. Um filme brilhante.

4 de março de 2014

Inside Llewyn Davis é o melhor filme do ano para a International Cinephile Society

A International Cinephile Society anunciou a sua lista de melhores do ano, com Inside Llewyn Davis a ser considerado o Melhor Filme de 2013. O filme foi premiado ainda nas categorias de Melhor Ator (Oscar Isaac), Melhor Elenco e Melhor Roteiro Original, sendo vice-campeão nas categorias de Melhor Diretor e Melhor Fotografia.

Melhor Filme
1. Inside Llewyn Davis
2. Azul é a Cor Mais Quente
3. Ela
4. Frances Ha
5. A Grande Beleza
6. Laurence Anyways
7. Gravidade
8. Spring Breakers
9. O Lobo de Wall Street
10. 12 Anos de Escravidão
11. Antes da Meia Noite

Melhor Diretor
Alfonso Cuarón por Gravidade
#2: Joel Coen e Ethan Coen por Inside Llewyn Davis

Melhor Atriz
Adèle Exarchopoulos em Azul é a Cor Mais Quente
#2: Juliette Binoche em Camille Claudel 1915

Melhor Ator
Oscar Isaac em Inside Llewyn Davis e Leonardo DiCaprio em O Lobo de Wall Street
#2: Joaquin Phoenix em Ela

Melhor Atriz Coadjuvante
Léa Seydoux em Azul é a Cor Mais Quente
#2: Scarlett Johansson em Ela

Melhor Ator Coadjuvante
James Franco em Spring Breakers
#2: Anton Adasinsky em Faust

Melhor Elenco
Inside Llewyn Davis
#2: Frances Ha

Melhor Roteiro Adaptado
Azul é a Cor Mais Quente
#2: Antes da Meia Noite

Melhor Roteiro Original
Inside Llewyn Davis
#2: Ela

Melhor Filme de Animação
Ernest et Célestine
#2: Vidas ao Vento

Melhor Documentário
Stories We Tell
#2: O Ato de Matar & Leviathan

Melhor Filme Estrangeiro
1. Azul é a Cor Mais Quente (França)
2. A Grande Beleza (Itália)
3. Laurence Anyways (Canadá)
4. Dentro da Casa (França)
5. Um Toque de Pecado (China)
6. Além das Montanhas (Roménia) e Faust (Rússia)
8. A Caça (Dinamarca)
9. O Passado (Irão)
10. Blancanieves (Espanha)

Melhor Montagem
Gravidade
#2: Spring Breakers

Melhor Fotografia
Gravidade
#2: Faust e Inside Llewyn Davis

Melhor Design de Produção
Ela
#2: Faust

Melhor Trilha Sonora
Ela
#2: All Is Lost

3 de março de 2014

Confira os Vencedores do Oscar 2014

Gravidade foi o filme mais vencedor da noite levando o prêmio em sete categorias, incluindo Melhor Diretor, Melhor Montagem e Fotografia. 12 Anos de Escravidão levou Melhor Filme, Roteiro Adaptado e Melhor Atriz Coadjuvante. Trapaça recebeu 10 indicações e saiu da premiação sem levar nada, tornando-se um dos maiores perdedores do Oscar, junto com The Turning Point e A Cor Púrpura.

Melhor Filme
12 Anos de Escravidão

Melhor Diretor
Alfonso Cuarón por Gravidade

Melhor Ator
Matthew McConaughey em Clube de Compras Dallas

Melhor Ator Coadjuvante
Jared Leto em Clube de Compras Dallas

Melhor Atriz
Cate Blanchett em Blue Jasmine

Melhor Atriz Coadjuvante
Lupita Nyong’o em 12 Anos de Escravidão

Melhor Roteiro Adaptado
John Ridley por 12 Anos de Escravidão

Melhor Roteiro Original
Spike Jonze por Ela

Melhor Filme de Animação
Frozen – Uma Aventura Congelante

Melhor Documentário
A um Passo do Estrelato

Melhor Filme Estrangeiro
A Grande Beleza (Itália)

Melhor Trilha Sonora Original
Steven Price por Gravidade

Melhor Canção Original
“Let It Go” de Frozen – Uma Aventura Congelante

Melhor Montagem
Gravidade

Melhor Fotografia
Emmanuel Lubezki por Gravidade

Melhor Figurino
O Grande Gatsby

Melhor Maquilhagem e Cabelo
Clube de Compras Dallas

Melhor Design de Produção
O Grande Gatsby

Melhor Mixagem de Som
Gravidade

Melhor Edição de Som
Gravidade

Melhores Efeitos Visuais
Gravidade

Melhor Curta Documentário
The Lady in Number 6: Music Saved My Life

Melhor Curta de Animação
Mr. Hublot

Melhor Curta
Helium

2 de março de 2014

Apostas para o Oscar 2014 - Parte 2

Melhor Roteiro Original
Por Eripetson Lucena

Spike Jonze é o favorito absoluto. Spike Jonze não é o favorito absoluto. Ele ganhou todos os prêmios até agora faltando somente o Oscar para a consagração final do seu roteiro pelo fabuloso “Her”. Ele está sendo acusado de plágio, isso mesmo, plágio pelo roteiro do seu filme. Ai, embolou o meio de campo. Se o Oscar comprar esta história do processo, o caminho possivelmente é aberto para o roteiro de “Trapaça”, o que seria uma lástima, visto que temos entre os indicados roteiros maravilhosos como o de “Nebraska” e “Dallas Buyers Club”, além é claro de “Blue Jasmine”, mas Woody Allen está fora de cogitação este ano, infelizmente. 

Vai Ganhar: “Her” (Spike Jonze), seria o certo, é o melhor roteiro, depois resolvam esta historieta de processo. 
Pode Ganhar: “Trapaça” (Eric Warren Singer e David O. Russell)
Deveria Ganhar: “Her” 

Melhor Roteiro Adaptado
Pras cucuias com as regras idiotas do sindicato dos roteiristas (que deu o prêmio a “Capitão Philips). Aqui não tem pra ninguém. É “12 Anos de Escravidão” e ponto final. O roteiro de John Ridley é um dos mais importantes escritos nos últimos tempos e tomará seu devido lugar na história do cinema. 

Vai Ganhar: “12 Anos de Escravidão” (John Ridley)
Pode Ganhar: “Philomena” (Steve Coogar e Jeff Pope) ou Capitão Philips(?). Não creio.
Deveria Ganhar: “12 Anos de Escravidão”

Melhor Filme Estrangeiro
Esta é outra categoria cujos candidatos ignorados renderiam outra linha de frente de respeito de indicados (vide “O Passado”, “Glória”, “Wadja”, etc, etc, etc.). “O italiano “A Grande Beleza” tem o favoritismo dos prêmios predecessores, mas ainda acho que o Oscar se renderá ao belga “Alabama Monroe”. E acho que está de bom tamanho. O melhor dos cinco, entretanto é o dinamarquês “A Caça”. Infelizmente, ele tem pouquíssimas chances de sair premiado.

Vai Ganhar: “Alabama Monroe” - Bélgica (este filme também tem sido chamado de “The Broken Circle Breakdown”)
Pode Ganhar: “A Grande Beleza - Itália
Deveria Ganhar: “A Caça” – Dinamarca

Melhor Documentário
Aqui o meio de campo parece esta um pouco mais embolado. “The Act of Killing” candidato da Indonésia parecia favorito absoluto até o fabuloso “A Praça”, produzido pela Netflix, ganhar o DGA, o maior termometro do Oscar. Daí parece que o premio está entre os dois mesmo. Torço particularmente pela “A Praça”, um extraordinário documento da derrubada de dois presidentes e uma junta militar no Egito, entre 2011 e 2013. 

Vai Ganhar: “The Act of Killing 
Pode Ganhar: “A Praça” 
Deveria Ganhar: “A Praça”

1 de março de 2014

"O Ato de Matar", indicado ao Oscar, abre debate sobre massacre na Indonésia

Por EFE

"O Ato de Matar", que concorre ao Oscar de melhor documentário, gerou um incômodo debate na Indonésia ao falar do massacre de meio milhão de comunistas após o golpe militar de Suharto (Hadji Mohamed Suharto, presidente da Indonésia) em 1965.

O documentário, dirigido pelo americano Joshua Oppenheimer, retrata um grupo de bandidos pagos por militares para realizar centenas de execuções na ilha de Sumatra em 1965 e 1966, em plena campanha contra a esquerda.

Após saber da indicação da Academia de Hollywood, Teuku Faizasyah, porta-voz de presidência para Relações Exteriores, criticou o filme para a imprensa local, ao afirmar que passa uma imagem distorcida do país.

"O filme retrata uma Indonésia atrasada, como nos anos 60. Isso não é apropriado, não é correto. É preciso lembrar que a Indonésia está reformada, muitas coisas mudaram", afirmou.

"Abordaremos assuntos de nosso passado obscuro, mas certamente isso não pode ser feito de forma brusca. Vai levar tempo. O público pode aceitar isso?", questionou.

"Muitos outros países têm momentos semelhantes em sua história", alegou Teuku, em referência à escravidão e ao bombardeio do Vietnã pelos Estados Unidos, e aos abusos contra os aborígenes na Austrália.

"As pessoas devem lembrar que isso aconteceu no contexto da Guerra Fria, uma guerra contra o comunismo", explicou.

O diretor Oppenheimer disse que filmou durante mais de oito anos os autores dos massacres de comunistas, muitos deles da minoria chinesa em Sumatra, Java e Bali, para expor um "genocídio" glorificado pelos vencedores, alguns dos quais hoje ocupam postos de poder no país.

"Eu não sabia se era seguro me aproximar dos assassinos, mas quando o fiz, descobri que se gabavam do que tinham feito", afirmou à Agencia Efe o diretor de 39 anos em entrevista por e-mail.

"Imediatamente relataram detalhes escabrosos dos assassinatos, frequentemente com um sorriso no rosto, diante de suas famílias e, inclusive dos netos pequenos", acrescentou Oppenheimer, que agora teme represálias caso volte ao país.

O diretor relatou que sentiu como se tivesse viajado para "Alemanha, 40 anos depois do Holocausto, para descobrir que os nazistas continuam no poder".

Proibido nos cinemas comerciais da Indonésia, "O Ato de Matar" só conseguiu ser exibido em uma conferência de direitos humanos em que Oppenheimer foi convidado de forma secreta.

No entanto, os produtores, entre eles o alemão Werner Herzog, recentemente decidiram liberar o download gratuito para a Indonésia no site oficial como um gesto para com os familiares das vítimas.

O documentário, filmado na maior parte do tempo nas exuberantes paisagens do norte de Sumatra, retrata os massacres através do lado de Anwar Congo, exibindo de forma grotesca e até surrealista como realizava as execuções até a como mostrava certo arrependimento.

Os massacres aconteceram no contexto da Guerra Fria e do temor ao avanço comunista na Indonésia, que contava com o maior Partido Comunista do mundo, depois do Partido Comunista Chinês.

Apesar das tentativas oficiais de silenciar o filme, o debate na imprensa, nos fóruns da internet e nas redes sociais.

"'(The Act of) Killing' não é o primeiro filme sobre os terríveis fatos, mas é, de longe, o mais significativo por contar a história do ponto de vista dos carrascos", disse o ativista indonésio Hilmar Farid.

Em 2012, a Comissão Nacional de Direitos Humanos da Indonésia (KOMNAS HAM) solicitou sem sucesso à promotoria do país que investigasse as violações dos direitos humanos, as execuções e os sequestros pelo regime de Suharto.

No entanto, um dos comissários do organismo, Imdadun Rahmat, observou que o filme não deve ser levado "muito a sério", e que o considera um perigo para o processo de "reconciliação".

"É possível contar a verdade de forma amável, sem provocar ódio", disse Imdadun, que fez parte de um dos grupos paramilitares que perseguiram os comunistas após o golpe de Suharto.

O papel dos Estados Unidos, que no início apoiou Suharto, e a separação para a minoria de origem chinesa, que ainda hoje desperta receios em parte significativa da população, são outros assuntos espinhosos em torno dos massacres em 1965 e 1966.

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