23 de fevereiro de 2014

Resenha do Filme: Love

Por Raimundo Neto

Love é a estreia do jovem cineasta William Eubank, que atuou como desenhista de produção em comerciais de marcas como Honda e Adidas, nos filmes As Loucuras de Dick e Jane e Superman o Retorno, trabalhou como diretor de fotografia em diversos outros filmes e o seu último trabalho foi como diretor de segunda unidade do filme Broken City. Em Love ele faz praticamente tudo, é o diretor, roteirista e diretor de fotografia.

Love é um filme de ficção científica que conta a história do astronauta Lee Miller, muito bem interpretado pelo Gunner Wright, que depois de perder contato com a terra, fica sozinho em órbita a bordo da estação espacial internacional. Com o passar do tempo e completamente sozinho, Miller luta para manter a sanidade mental e sua vida. No seu dia a dia claustrofóbico e solitário, ele acaba fazendo uma estranha descoberta dentro da nave. 

Não é fácil fazer um filme de ficção científica com pouco dinheiro, mas com muito empenho, força de vontade e um bom roteiro, tudo é possível. O diretor utilizou o quintal de seus pais ao longo de nove meses para montar tudo de uma estação espacial e para recriar cenas da Guerra Civil que vemos no decorrer do filme. Até luzes de natal e caixas de pizza foram usadas.

O início do filme é impressionante e surpreende pela qualidade, um conjunto de imagens e diálogos filosóficos que invade a tela, durante aproximadamente 7 minutos. Nos preparando para entrar em um dos meus temas favoritos que o filme retrata: o isolamento. Apresentando aquelas situações que causam solidão através do desespero, o tédio e delírio. É impossível não relacionar esse tema com outros filmes, como Lunar (Duncan Jones, 2009), ou Solaris (Tarkovsky, 1972) e, claro, a obra superior, divisor de águas na ficção científica, 2001: Uma Odisséia no Espaço do mestre Kubrick, onde Eubank realiza homenagens escancaradas a todo tempo.

Love é construído de forma enigmática, o que pode desagradar a muitos e o roteiro não consegue fugir dos clichês habituais que esse tema sempre traz, confunde o expectador quase todo momento, e ficamos sem saber se aquilo é real ou se não passa de uma complexa experiência, mas acredito que seja uma boa “brincadeira” aplicada pelo diretor para instigar nossos pensamentos.

Love consegue ter um estilo próprio e é brilhante, principalmente sua fotografia. As imagens são de tirar o fôlego, e há uma sequência em câmara lenta que é excepcional. William Eubank tem um grande talento e o dom de prender a atenção dos expectadores, consegue um final de filme satisfatório e forte, desviando o olhar dos problemas de lógica deixados pelo roteiro.

Embalado pela poderosa música do Angels & Airwaves, o filme explora a necessidade fundamental humana por conexão e o ilimitado poder da esperança. Se você gosta de ficção científica, Love é uma experiência interessante. Bonito, impactante, poético e evocativo. É um filme que mostra a audácia, a criatividade e o poder do cinema independente americano.

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...