24 de fevereiro de 2014

Resenha do Filme: RoboCop

Por Claudiano Brito

Em um futuro não muito distante, no ano de 2028, drones não tripulados e robôs são usados para garantir a segurança mundo afora, mas o combate ao crime nos Estados Unidos não pode ser realizado por eles e a empresa OmniCorp, criadora das máquinas, quer reverter esse cenário. Uma das razões para a proibição seria uma lei apoiada pela maioria dos americanos. Querendo conquistar a população, o dono da companhia Raymond Sellars (Michael Keaton) decide criar um robô que tenha consciência humana e a oportunidade aparece quando o policial Alex Murphy (Joel Kinnaman) sofre um atentado, deixando-o entre a vida e a morte.

Além das ótimas cenas de adrenalina, a nova versão de ROBOCOP do diretor brasileiro José Padilha, proporciona algumas reflexões sobre temas controversos como, ética na ciência; o poder da propaganda e da mídia como um todo, usada pra formatar a opinião e o desejo de consumo das pessoas e a ganância sem fim dos grandes corporativistas; corrupção nas instituições públicas e no governo e, claro, o debate sobre o livre arbítrio do ser humano e suas emoções em meio aos circuitos programados de uma máquina.

José Padilha fez um excelente filme. Os profissionais do cinema brasileiro tem muito talento e qualidade, só faltam terem os recursos disponíveis. Com 120 milhões de dólares dá pra fazer um belo estrago, né?! (risos). José Padilha arrebentou!!! Recomendo! O filme continua em cartaz no Cine Guedes Patos-pb. Bom filme!

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Por Alex Medeiros

Ao escrever qualquer linha sobre o novo Robocop devemos nos precaver aos comparativos com a nova obra de José Padilha e o filme de Paul Verhoeven da década de oitenta. Hollywood usufrui hoje de determinados poderes que em muitas vezes não observam questões pertinentes ao roteiro, a própria simbologia do filme ou até do desfecho. Uma pomposa bilheteria é o viés que dita a produção de uma película em terras ianques em detrimento ao que produtores e direção poderiam realmente criar diante de um farto roteiro ou de um remake consagrado de anos atrás. 

Diante da nova “cara” de Robocop retratada por Padilha e diante do que muito se falou sobre as amarras que o estúdio havia imposto ao seu diretor, percebemos que o resultado final convence e diverte. Para um diretor que almeja voos além da linha do equador a proposta deixada na tela é um forte retrato do que poderia ter sido feito a mais com os recursos que se tinha nas mãos. 

No filme temos o policial Alex Murphy (Joel Kinnaman) que investiga um caso que pode prender pessoas influentes, sofre um atentado e, entre a vida e a morte, a sua esposa Clara Murphy (Abbie Cornish) autoriza o projeto que dará vida a Robocop através da Omnicorp, indústria que já utiliza mundialmente seus robôs policiais, principalmente em países onde os EUA tem influência ou já invadiram. Coordenado pelo Dr. Norton (Gary Oldman, sempre competente) o “nascimento” do policial, meio homem e meio máquina, é concretizada (sempre achei que o termo “ciborgue” seria mais viável para esse personagem) e os elementos que compõem a trama vão se expandindo. Vale ressaltar a belíssima caracterização de Robocop.

A contemporaneidade, que obviamente havia de existir e ,em conjunto com a tecnologia dos efeitos especiais de nosso tempo, nos proporciona um bom cenário de cenas de ação. Se o cultuado Robocop de 1987 exibia cenas fortes e muitas vezes incômodas diante de inúmeros tiroteios, o seu remake expõe até uma certa brandura nessa característica, inclusive utilizando um Dispositivo de Choque Elétrico (a conhecida TASER) nas maioria das vezes em vez de usar armas letais. Numa América recheada de armas e de casos crescentes de atentados a civis pela própria população mensagens como essa podem deixar um dilema na mente de seus espectadores. 

A fotografia de Lula Carvalho (vide Tropa de Elie) é competente. O encaixe das câmeras não nos deixa passar despercebidos diante de cenas tremidas ou rápidas e ,onde era necessário um melhor ângulo ou um enquadramento mais adequado na cena, a câmera não se perdia. O primeiro encontro pós Robocop do pai e esposo Alex Murphy com sua família é um bom exemplo. Além de não cair no melodrama a cena é curta e expõe através de enquadramentos uma tristeza familiar que para o espectador já bastaria. Muito se falou da parca utilização da personagem Clara, vivida pela bela Abbie Cornish, mas creio que sua utilização além do que lhe foi proposto só poderia ter acontecido juntamente com a melosidade de uma personagem que perdeu o esposo, o pai de seu filho, a base familiar... e que detonaria um sentimentalismo exarcebado e em desconexão com a propositura do filme.

Os personagens de Robocop são bem convincentes. Ter um Samuel L.Jackson e um renascido Michael Keaton como um jornalista patriota e um empresário visionário maluco respectivamente, nos dão a dimensão de o quão divertido esse filme seria. Gary Oldman continua sendo o camaleão do cinema mundial, com seu vasto repertório de personagens, sejam mocinhos ou vilões, e suas atuações espetaculares. Além disso, o desconhecido Joel Kinnaman dá vida magistralmente a Robocop, com sua face seca e onde resplandece a cara da sociedade almejada no futuro, numa cidade rodeada de crimes. 

Se há meios-termos para o novo Robocop eu prefiro ficar com o comedimento de achar que o filme cumpre o seu papel, sem olhar para 1987. A crueza do filme anterior se dissipa nesse trabalho de José Padilha, talvez imposta para que crianças de 14 anos pudessem ir ao cinema ou então por mera imposição do estúdio responsável. A iminente tragédia que um remake de um filme cultuado poderia trazer, principalmente diante da propaganda americana sobre seu poderio midiático, bélico e tecnológico, não aconteceu. O filme não causa impacto, porém possui créditos de sobra.

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